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Bolsonaro à TV Record: “90% de chance de criar novo partido”

Para o presidente, há 80% de probabilidade de deixar o PSL. Sobre as manchas de óleo no litoral, ele disse que “o pior está por vir”

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José Dias/PR
24/10/2019 Conversa com a imprensa brasileira em Pequim
1 de 1 24/10/2019 Conversa com a imprensa brasileira em Pequim - Foto: José Dias/PR

O presidente da República, Jair Bolsonaro, disse que é grande a probabilidade de deixar o PSL e criar um partido no qual ele possa definir quais serão os candidatos a prefeito nas próximas eleições, entre outras decisões a serem tomadas na legenda.

“[A probabilidade] É 80% para sair e 90% para criar um novo partido”, disse Bolsonaro em entrevista à TV Record na noite deste domingo (03/11/2019).

Bolsonaro disse, ainda, que pretende colher as assinaturas de forma eletrônica e acredita que, até março, já estaria com a nova legenda apta a disputar as eleições municipais. “E vai começar do zero, sem televisão, sem fundo partidário, sem nada. O meu sonho, acho muito difícil eu assumir o comando do partido, é criar um partido agora, que a gente pode colher assinatura de forma eletrônica do eleitorado. Até março, teria um partido e eu teria aí dos quase 6 mil municípios, talvez umas 200 candidatura pelo Brasil.”

“Fiquei feliz por isso por que eu teria como escolher, de fato, quem concorreria àquela prefeitura. Na última eleição, muita gente chegou de última hora”, disse o presidente.

Crise com PSL

Em crise com o seu partido desde que criticou o presidente da legenda, o deputado Luciano Bivar (PSL-PE), Bolsonaro negou que tenha interesse nos recursos do fundo partidário ao qual o PSL tem direito.

Bolsonaro disse que apenas tem cobrado “transparência” na gestão do dinheiro por parte de Bivar, para que ele não precise “pagar a conta” sobre possíveis “desvios de terceiros”.

“Eu pago a conta sobre qualquer possível desvio de terceiros do partido. A mesma coisa acontece em relação ao fundo partidário”, reclamou o presidente.

Em seguida, ele emendou: “Eu posso sair do partido. Eu quero ver cumprida uma determinação: transparência. Ponto final, mais nada. Afinal de contas, o fundo partidário é dinheiro público. Eu não estou brigando por recursos do fundo partidário, eu quero que o partido não tenha problemas por ocasião da eleições municipais no ano que vem ou em uma possível reeleição minha, aí você imagina um timing de 2022”, disse o presidente.

“Notícia ruim”

Ao falar sobre as manchas de óleo que atingiram o litoral nordestino, o presidente disse que uma tragédia ambiental ainda maior está para aparecer em decorrência do mesmo vazamento, considerado criminoso por autoridades brasileiras.

“Agora, a notícia ruim. O que chegou até agora e foi recolhido é uma pequena quantidade do que foi derramado. Então, o pior ainda está por vir. Não sei se na costa do Brasil”, disse o presidente. “Se bem que as correntes, no início, foram para a costa do Brasil e, como é um petróleo de uma densidade pouco superior à da água salgada, não vem por cima, vem por baixo”, ponderou o presidente.

“Pode ter passado pelo Brasil e retornado para a costa africana, ou para outro local qualquer. Então temos o anúncio aí de uma catástrofe muito maior que está para ocorrer por causa desse vazamento que, pelo que tudo parece, foi criminoso”, alertou o presidente.

Bolsonaro ainda apontou o navio Bouboulina, da empresa grega Delta Tankes, como o principal suspeito de ser o responsável pelo desastre. “Todos os indícios levam para esse cargueiro grego. Todos, falta apenas bater o martelo”, disse o presidente.

Investigações

O presidente reclamou da matéria exibida pela TV Globo que, segundo ele, é uma tentativa de colocá-lo como mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco, ocorrido em março de 2018, no centro do Rio de Janeiro.

“Lamentável a TV Globo querendo me associar ao possível mandante da execução da senhora Marielle Franco. Esse caso não está encerrado. Eu vou até o fim. Não ficará por isso mesmo”, afirmou.

E prosseguiu: “É um jornalismo vergonhoso, sem escrúpulos. Desafio vocês a me convidar para falar por 15 minutos sobre esse episódio. Desafio vocês”, pediu o presidente.

O presidente voltou a atacar o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel. “Witzel tem usado a máquina pública para me perseguir”, disse Bolsonaro, referindo-se ao inquérito que corre no Ministério Público do Rio de Janeiro, em segredo de Justiça, sobre o assassinato da vereadora. O presidente acusa o governador de ter acesso ao conteúdo das investigações e usar as informações contra ele.

Obstrução de Justiça

O presidente também negou que o fato de ter pegado as gravações da portaria de seu condomínio no Rio de Janeiro, de onde teriam partido os suspeitos de assassinar Marielle e seu motorista Anderson Gomes no dia do atentado, seja obstrução de Justiça.

Ao coletar provas antes da ação policial, o presidente tem sido acusado de interferir nas investigações. “Que obstrução? Qualquer um dos 150 moradores do condomínio pode pegar”, disse. Segundo o capitão da reserva, ele estava em Brasília no dia do crime, como ele comprovou. “Sou constantemente perseguido.”

“Puxão de orelha”

Bolsonaro também disse que repreendeu seu filho Eduardo Bolsonaro, que, em entrevista exibida no início da semana, defendeu a possibilidade de um “novo AI-5” como forma de se combater a esquerda no país. “Foi infeliz, puxei a orelha dele”, afirmou.

“Os meus filhos não me atrapalham, me ajudam muito”, defendeu, frisando que agora no palácio tem um presidente em prol da família, cristão, que não tem mais “ideologia de gênero”. “O Brasil mudou, a família antes não existia, agora existe.”

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