Em um evento do Ministério da Educação, realizado em julho do ano passado, em Salinópolis (PA), cidade a 220 quilômetros de Belém, exemplares de bíblias foram distribuídos aos participantes. O que chamou a atenção, no entanto, foram fotos dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, e do ministro da Educação, Milton Ribeiro, que vieram anexadas aos exemplares.
A reunião aconteceu no dia 3 de junho de 2021 e reuniu prefeitos e secretários municipais do Estado, além do próprio ministro e pastores que foram mencionados no suposto esquema de corrupção na pasta. A informação é do jornal Estado de S.Paulo.
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Antes de virar ministro, Milton Ribeiro já colecionava uma série de polêmicas. Em uma delas, postou no canal que tinha no YouTube palestra em uma Igreja Presbiteriana, em 2016. À época, afirmou apoiar o castigo físico em crianças
Rafaela Felicciano/Metrópoles
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“Essa ideia que muitos têm de que a criança é inocente é relativa. Um bom resultado não vai ser obtido por meios justos e métodos suaves”, disse. Segundo ele, as crianças “devem sentir dor”. Um dia após tomar posse no Ministério da Educação, no entanto, retirou o vídeo da plataforma e, mais tarde, afirmou nunca ter falado sobre o assunto
Reprodução/YouTube
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Em 2018, o ex-ministro afirmou que universidades incentivavam alunos a fazerem “sexo sem limites”. “Para contribuir ainda mais, em termos negativos, para o sexo veio a questão do existencialismo. Não importa se é com homem ou mulher”, disse. “É isso que eles estão ensinando para os nossos filhos na universidade”, completou
Reprodução/Redes Sociais
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Além disso, Ribeiro afirmou que universidades devem ser para poucos e que reitores de federais não podem ser “esquerdistas” ou “lulistas”. “Eu acho que reitor tem que cuidar da educação e ponto final, e respeitar quem pensa diferente. As universidades federais não podem se tornar comitê político de um partido A, de direita, e muito menos de esquerda”, relatou
Rafaela Felicciano/Metrópoles
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Durante a pandemia, Milton também criticou professores que defendiam a vacinação de crianças para o retorno das aulas. “Infelizmente, alguns maus professores fomentam a vacinação deles, que foi conseguida. Agora, querem a imunização das crianças. Depois, com todo o respeito, para o cachorro, para o gato. Querem vacinação de todo jeito. O assunto é: querem manter escola fechada”, disse
Isac Nóbrega/PR
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No fim de 2020, Ribeiro alegou que a nota do Enem de 2021 não poderia ser utilizada para o Sisu, Prouni ou Fies. Segundo ele, para ter acesso aos programas, era necessário utilizar notas de exames anteriores. Após manifestações contrárias, o Ministério da Educação negou as falas do chefe
Fábio Rodrigues/Agência Brasil
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Durante uma entrevista, Milton Ribeiro relacionou a homossexualidade a “famílias desajeitadas”. “Acho que o adolescente, que muitas vezes opta por andar no caminho do 'homossexualismo' (SIC), tem um contexto familiar muito próximo, basta fazer uma pesquisa. São famílias desajustadas, algumas. Falta atenção do pai, falta atenção da mãe”, afirmou
Isac Nóbrega/PR
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Em 2021, quando ainda era ministro, declarou que a inclusão de alunos com deficiências na mesma turma que alunos sem deficiências “atrapalhava o aprendizado dos outros, porque a professora não tem equipe e não tem conhecimento para dar atenção especial”. Segundo ele, “existem crianças com um grau de deficiência que é impossível a convivência”
Reprodução/Tv Brasil
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No início de 2022, um áudio onde Milton Ribeiro afirma priorizar repasses da Educação a determinadas prefeituras e a pedidos do presidente Bolsonaro ganhou o noticiário. Apesar de, logo em seguida, negar a existência de irregularidades, bem como o envolvimento de Bolsonaro, Ribeiro passou a ser objeto de pedidos de investigação
Vinícius Schmidt/Metrópoles
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“Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar”, afirma Ribeiro em conversa gravada. “A minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar”, declarou o então ministro
Os pastores Gilmar Silva dos Santos, presidente da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB), e Arilton Moura, assessor de Assuntos Políticos da CGADB, não têm cargo público no ministério. Entrentanto, segundo a denúncia do jornal, participaram por um longo período, de agendas com o ministro Milton Ribeiro.
O prefeito de Salinópolis, Carlos Alberto de Sena Filho (PL), foi um dos que também teve o rosto estampado no livro religioso, já que “patrocinou” a impressão das bíblias. Ao todo, foram impressas mil livros, a R$ 70 por cada exemplar. A edição ficou a cargo da Igreja Ministério Cristo para Todos, ramo da Assembleia de Deus, do pastor Gilmar Santos, que tem uma gráfica em Goiânia.
Mesmo não tendo cargo, Santos foi anunciado como “autoridade” no evento voltado para a educação. No evento, ele se sentou ao lado do ministro Milton Ribeiro e do presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Marcelo Ponte.
Prefeitos confirmaram
Ao menos 10 prefeitos confirmaram a existência de um gabinete paralelo da Educação, no qual pastores supostamente atuaram na intermediação de recursos para escolas públicas. O caso foi revelado no início da semana passada pelo jornal Estado de S.Paulo. Dos 10, pelo menos três confirmaram que, em algum momento, escutaram pedidos de propina em troca da liberação de verbas.
Segundo o prefeito de Luís Domingues, no Maranhão, Gilberto Braga (PSDB), Arilton Moura teria pedido 1 kg de ouro, em uma conversa no restaurante Tia Zélia, em Brasília, após almoço informal com a presença do ministro.
Com a crise na pasta, Ribeiro discutiu com o presidente Jair Bolsonaro no último fim de semana sua licença da pasta, para se defender das acusações de participação em propina. Bolsonaro deseja esse cenário, embora siga dizendo ter convicção da inocência de Ribeiro. A intenção foi revelada pelo colunista Guilherme Amado.
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