Bebianno diz temer que Bolsonaro tente “ruptura institucional”
Ex-presidente do PSL e ex-ministro da Secretaria-Geral também revelou que irá para o PSDB, a convite do governador de São Paulo, João Doria
atualizado
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O advogado Gustavo Bebianno, ex-presidente do PSL durante a campanha de 2018 e primeiro ministro da Secretaria-Geral de Jair Bolsonaro, disse em entrevista ao Congresso em Foco que identifica possibilidade de o presidente da República tentar fazer uma ruptura institucional. Classifica como “um dos sinais” disso o vídeo divulgado no Twitter, na conta pessoal do presidente, no qual Bolsonaro aparece como um leão cercado de hienas identificadas como instituições, que iam do Supremo Tribunal Federal (STF) à Organização das Nações Unidas, incluindo partidos – ao arquirrival PT somava-se até o próprio partido do presidente, o PSL – e movimentos (dos sem-terra ao ex-aliado MBL). O vídeo foi apagado horas depois de publicado, a mando de Bolsonaro.
O presidente afirmou nesta terça-feira (29/10/2019) que a publicação foi um “erro”, pediu desculpas ao STF e prometeu retratação. Bebianno explicou por que atribui esse sentido de desejo de um golpe a Bolsonaro e seus filhos:
“Sim, é um indicativo, assim como a fala do Olavo [de Carvalho, o professor on-line de filosofia que é uma espécie de guru de parte do bolsonarismo] e do Filipe Martins [assessor internacional do presidente] sugerindo um novo AI-5, o extermínio de partidos de oposição. Isso tudo, claramente. O Eduardo [Bolsonaro, deputado federal e hoje líder do PSL na Câmara] disse que bastava um cabo e um soldado, não precisava nem de jipe, para fechar o Supremo. Outro dia, o Carlos [Bolsonaro, vereador no Rio de Janeiro] disse que as coisas são muito lentas na democracia. Não são sinais que precisam ser traduzidos. As falas deles são explícitas. Só estou observando o que eles próprios estão dizendo”, diz.
Ele apresenta uma visão negativa em relação ao governo e acredita que “é impossível” Bolsonaro terminar o seu governo como está. “Vai renunciar ou vai acabar recebendo processo de impeachment, porque é impossível se manter mais três anos nesse ritmo”, avaliou, na entrevista. E diz que o governo “é uma decepção para todos os brasileiros que pensam, raciocinam e que querem não uma dinastia, um sistema ditatorial, personalíssimo, baseado numa entidade suprema, num mito”.
Ele afirma que, se não fosse por Sergio Moro e Paulo Guedes, “o Brasil já estaria mais no fundo do poço que já está”. Bebianno chama os dois ministros de “presidentes” e os aponta como futuros candidatos: “Moro é visto com desconfiança, o presidente teme que Moro será candidato. Eu acho que, no fim da linha, Paulo Guedes também será candidato”.
PSDB
O advogado afirmou que pretende se filiar ao PSDB a convite do governador de São Paulo, João Doria, e indica que irá trabalhar em sua campanha presidencial de 2022.
Bebianno, que presidiu o PSL durante a campanha de Jair Bolsonaro ao Planalto, afirmou que ele “deixou o poder subir à cabeça, abandonou suas promessas de campanha para proteger e favorecer os filhos”.
Ruptura
A sua saída do governo Bolsonaro se deu em fevereiro deste ano, após ser criticado em redes sociais por Carlos Bolsonaro.