Bebianno: “Carlos fez uma macumba psicológica na cabeça do pai”
O ex-secretário-geral da Presidência da República afirma que todos no PSL têm medo de confrontar a agressividade do filho do presidente
atualizado
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O agora ex-ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República Gustavo Bebianno afirmou nesta terça-feira (19/2) – em entrevista ao programa Os Pingos nos Is, da Rádio Jovem Pan – que, embora magoado com a exoneração, ainda nutre respeito, afeto e amor – “por que não dizer?” – por Jair Bolsonaro (PSL), a quem se refere sempre como “meu presidente”.
Mas, como não poderia deixar de ser, Bebianno joga a responsabilidade sobre toda a “trama” que levou à sua queda do primeiro escalão do governo Bolsonaro sobre o filho vereador do presidente. “Eu fui demitido por Carlos Bolsonaro [PSC-RJ]”, atacou. “Carlos fez uma macumba psicológica no pai.”
Segundo o ex-ministro, Bolsonaro é uma personalidade com muito carisma e a maior liderança política surgida no país em muito tempo. “Mas, como ser humano, não é perfeito e comete deslizes”, disse. Um desse deslizes, de acordo com ele, é não controlar o filho.
“Existe uma falha no que diz respeito ao comportamento do Carlos”, afirmou Bebianno. “Se ele fosse meu filho, eu estaria preocupado. Carlos coleciona inimigos com sua ‘metralhadora giratória’ e não mede as consequências dos seus atos”, ressaltou.
O ex-secretário-geral ainda revelou que o filho do presidente e seu desafeto tem um “nível de agressividade acima do normal”. Bebianno contou que, no Rio de Janeiro, Carlos é conhecido como “destruidor de reputações” mesmo entre os membros do PSL. “Muitas pessoas foram atacadas por ele, virou uma bola de neve, e as pessoas têm medo de confrontá-lo”, falou.
Bebianno contou, ainda, que Carlos certa vez chamou um correligionário do PSL – cujo nome ele não quis revelar – de vagabundo. Segundo o ex-ministro, o filho dessa pessoa sentiu bastante o ataque, ficou deprimido e se mutilou com uma faca na garganta.
“Carlos é o filho do presidente, um rapaz famoso, muito bonito, alto, mas o sucesso subiu à cabeça. Ele precisa fazer uma reflexão, suas atitudes fazem muito mal às pessoas. Isso não é cristão, não é correto. E foi o que tentei argumentar com o presidente”, declarou Bebianno.
Pessoa doce
No entanto, o ex-secretário falou que Carlos, às vezes, é uma pessoa doce, positiva, mas em outras ocasiões entra em altos e baixos. Ele lembrou o ataque sofrido por Bolsonaro durante a campanha, em setembro de 2018.
“Carlos não queria ver aquilo. Ele deitou a cabeça no meu ombro e chorou compulsivamente. Ele é a pessoa que mais sofre com essa agressividade, esse ódio. Carlos vive numa grande caixa da teoria da conspiração que ele acha que tem contra a família e o pai”, observou Bebianno.
Nada de “homem-bomba”
Gustavo Bebianno assegurou que não alimenta mágoa contra Carlos. “Não tenho sentimento de ódio contra ele”, disse. E garantiu que não será nenhum tipo de “homem-bomba” contra o governo. “Tenho caráter. Não vou atacar o nosso presidente em absolutamente nada. Bolsonaro é correto. Tenho certeza de que ele tomou a decisão [de demiti-lo] com sofrimento. É um patriota que quer o bem do nosso país. Tenha certeza: esse governo vai dar certo”, encerrou.