BC está “contratando problema” com atual patamar de juros, diz Haddad
Haddad classificou a decisão do Banco Central (BC) como “muito ruim” e disse que há um descompasso entre a política monetária e a fiscal
atualizado
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Em primeiro comentário sobre a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) de manter a Selic em 13,75% ao ano, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira (22/6) que a autoridade monetária está “contratando problema” com o atual patamar da taxa básica de juros.
“O que nós estamos esperando? Isso vai comprometer… Nós estamos contratando problema com essa taxa de juros, futuro. É isso que essa decisão significa. Ela está contratando problema, inflação futura ou aumento da carga tributária futura”, disse Haddad à imprensa em Paris, onde acompanha agenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O titular da Fazenda embarcou para a França minutos depois do anúncio da decisão do Copom. Apesar de já esperada por agentes do mercado financeiro, a manutenção da Selic frustrou o governo, que esperava que o órgão fornecesse um sinal nítido do início de um ciclo de queda da taxa básica de juros.
O comunicado
Houve um trecho específico do comunicado que irritou os governistas. O BC citou que, em seus cenários de inflação, permanecem fatores de risco como “alguma incerteza residual sobre o desenho final do arcabouço fiscal a ser aprovado pelo Congresso Nacional e, de forma mais relevante para a condução da política monetária, seus impactos sobre as expectativas para as trajetórias da dívida pública e da inflação”.
O Copom também observou que a “conjuntura atual segue demandando cautela e parcimônia”, além de “paciência e serenidade”, já que “o processo desinflacionário tende a ser mais lento e que as expectativas permanecem desancoradas”.
Haddad classificou o documento como “muito ruim” e disse que há um descompasso entre a política monetária e a fiscal.
“Como de hábito, é o quarto comunicado muito ruim. Todos foram ruins. E às vezes ele corrige na ata, mas não alivia a situação, porque eu penso que o descompasso entre o que está acontecendo com o Brasil, com o dólar, com a curva de juros, com a atividade econômica… É um claro sinal de que nós podíamos sinalizar um corte da taxa Selic, que é a mais alta do mundo, de longe do segundo colocado.”