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Base instável faz governo ter pressa no impeachment

Sob o argumento de que o país não pode ficar paralisado por causa de uma ação política sem desfecho, Ricardo Berzoini argumentou que o governo não fará qualquer manobra para impedir a votação

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Daniel Ferreira/Metrópoles
Palácio do Planalto em dia de chuva  – Brasília(DF), 03/12/2015
1 de 1 Palácio do Planalto em dia de chuva – Brasília(DF), 03/12/2015 - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

O agravamento da crise política aumentou a instabilidade da base aliada e levou o Palácio do Planalto a rever sua estratégia, pedindo pressa na votação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. O ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, afirmou que o processo virou um “cadáver insepulto” e fez um apelo para que o Congresso vote logo esse assunto.

Sob o argumento de que o país não pode ficar paralisado por causa de uma ação política sem desfecho, ele argumentou que o governo não fará qualquer manobra para impedir a votação. “Não dá para ficar com esse cadáver insepulto”, disse Berzoini à reportagem. “Há uma tentativa da oposição de obstruir a pauta da Câmara e do Senado só para discutir impeachment. Não é lícito fazer isso. O Brasil não pode parar.”

Em reunião com deputados que lideram partidos da base na Câmara, o ministro afirmou ontem que, enquanto a crise política não se resolver, o País não conseguirá superar a instabilidade econômica. “Nós não temos medo do impeachment. O governo não tem interesse em procrastinar essa votação no Congresso.”

Sangramento
A mesma avaliação foi feita, pela manhã, no encontro de Dilma com ministros que compõem a coordenação de governo. O diagnóstico do Planalto é que a oposição quer arrastar o impeachment o máximo possível para fazer o governo “sangrar” e, nesse período, angariar o apoio das ruas ao processo de deposição de Dilma. Na domingo (13/3), haverá manifestações em todo o País pelo afastamento da presidente.

A nova ofensiva da oposição depende da resposta do Supremo Tribunal Federal ao recurso apresentado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) sobre o rito do impeachment. O julgamento foi marcado para o dia 16. “O governo, desde o ano passado, tem dito que está pronto para discutir impeachment. Já existe uma decisão mais que clara. Cabe ao presidente (Cunha) colocar a comissão para funcionar. Estamos prontos para discutir esta matéria”, afirmou o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE).

Na base, porém, há líderes que entendem o encaminhamento como um erro. Temem a interpretação de que o governo jogou a toalha ou que a própria base defenda a saída da presidente.

Desgaste
No Congresso, o desgaste nesta terça foi tamanho que até governistas obstruíram votações, temendo derrotas em projetos que trazem impacto financeiro à União. Os sinais de desgaste da base começaram a ser emitidos logo cedo. Minutos antes de seguir para o Planalto para a reunião de líderes com Berzoini, o líder do PSD, Rogério Rosso (DF), defendeu novas eleições gerais. “Outro dia escutei: ‘Rosso, e se fizéssemos eleições gerais, não só para presidente, mas para todos os cargos?’. Eu topo. A gente tem que topar tudo que for para consertar e unir o País”, afirmou o líder do partido de Gilberto Kassab (Cidades), um dos ministros mais fiéis a Dilma.

No Senado, também há sinais de racha na base. O senador Valdir Raupp (PMDB-RO) disse que o partido não deve acompanhar o governo em todas as votações. Para um interlocutor do vice Michel Temer, a tendência de desembarque do PMDB do governo é “crescente” e, na convenção do partido, no sábado, há chances de ser aprovada moção de independência em relação ao Planalto. Para evitar que o maior aliado lidere a debandada, foram escalados Berzoini e Jaques Wagner (Casa Civil).

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