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Bancada pelo Senado, diretora foi a NY, Europa e fez curso com coach

Só em 2018, Ilana Trombka gastou R$ 43 mil em passagens e ganhou mais R$ 32 mil em diárias

atualizado

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1 de 1 capa138 - Foto: Redes Sociais

Diretora-geral do Senado desde 2015, Ilana Trombka fez ao menos 12 viagens bancadas pela Casa no ano passado, totalizando mais de R$ 75 mil em gastos com dinheiro público. Dados levantados pelo Metrópoles mostram que a servidora esteve em Israel, Nova Iorque (EUA) e Alemanha em missões descritas como oficiais. Além disso, a executiva visitou sua cidade natal, Porto Alegre (RS), quatro vezes – seriam cinco, mas o quinto voo ela preferiu cancelar.

Uma das viagens tinha por objetivo promover o encontro entre Ilana e a diretora de uma empresa de joias em São Paulo. Em outra, a representante do Senado Federal participaria da entrega de um prêmio. Com dinheiro do contribuinte, ela foi até a capital paulista três vezes para fazer um curso de coaching.

Resultado: apenas em 2018, Ilana Trombka gastou R$ 43.171,47 em passagens e R$ 32.417.40 em diárias.

R$ 9 mil para ir a Nova Iorque
No ano passado, a diretora-geral do Senado realizou três viagens internacionais. A primeira delas foi a Israel. Ilana esteve na 1ª Conferência para diretores-gerais e secretários-gerais, realizada pelo país do Oriente Médio. Apesar de o evento ter sido realizado entre 20 e 22 de fevereiro de 2018, a servidora ficou no local entre os dias 14 e 23 daquele mês. Só com passagens para esse evento, foram gastos R$ 8.199,41.

Em outubro do ano passado, Ilana Trombka foi a Europa. Ficou ao menos 14 dias no continente, com passagens de ida e volta para a Alemanha, onde participou do programa de estudos realizado pela Câmara Alta do Parlamento Alemão. Com passagens para esse evento, o Senado desembolsou R$ 5.499,40, e a diretora recebeu mais R$ 3.808,28 em diárias.

A servidora foi também a Nova Iorque, onde ficou de 13 a 20 de julho de 2018, e participou do evento Columbia Women’s Leadership Network in Brazil.

O Senado comprou passagens para esse evento por R$ 9.386,10. Nas principais companhias aéreas do país, só há voos nesse valor em primeira classe. Além disso, Ilana recebeu outros R$ 8.921,10 em diárias pelos dias na cidade norte-americana. Os pagamentos de diárias descritos como “missão no exterior”, conforme o Ato da Comissão Diretora nº 5/2006, equivalem a US$ 333, ou seja, mais de R$ 1.200 por dia.

Quatro viagens para visitar o coach
Como o Metrópoles mostrou em agosto do ano passado, o Senado gastou milhões com cursos de um coach da moda para seus servidores. A diretora-geral da Casa esteve três vezes, durante o ano de 2018, fazendo treinamentos na Amana-Key Desenvolvimento e Educação – que se declara especialista em cursos de gestão, estratégia e liderança. Com isso, foram mais de R$ 5,5 mil só em passagens.

Também no ano passado, Ilana Trombka foi a Porto Alegre quatro vezes e cancelou uma quinta viagem. Na capital gaúcha, ela participou de reuniões com professores de ciências da saúde, de conferência com legisladores estaduais e de uma feira do livro. Nesse último evento, a servidora ganhou R$ 2.224,22 em diárias. Questionada se as viagens têm alguma relação com o trabalho que realiza no Senado, a diretora não respondeu. Ela nasceu no Rio Grande do Sul.

Confira os gastos internacionais do Senado com a servidora:

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Diárias recebidas pela servidora para viagens internacionais
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Diárias recebidas pela servidora para viagens internacionais

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Diárias recebidas pela servidora para viagens internacionais

 

Em fevereiro do ano passado, a diretora-geral esteve em São Paulo para se encontrar com a diretora-executiva da Pandora Brasil, uma empresa de joias. Já no fim do ano, acompanhada da servidora Juliana Borges dos Santos, Ilana Trombka foi para São Paulo participar do 1º Prêmio Viva, do qual era finalista na categoria empreendedorismo. As passagens das duas foram pagas pelo Senado.

Transparência
Segundo o presidente do Instituto Brasileiro de Direito Administrativo, Fabrício Motta, o próprio Senado tem uma legislação para controlar viagens e diárias de seus servidores. No entanto, todos esses gastos precisam estar ligados à atividade realizada pelos funcionários da Casa. Além disso, para ele, a população precisa ter acesso de maneira clara e simples ao que é despendido por todos os órgãos ligados ao poder público.

Os dados levantados pelo Metrópoles, por exemplo, estão disponíveis na parte dedicada à transparência do site do Senado. No entanto, as informações ficam disponíveis de forma isolada e é preciso tempo, paciência e dedicação para levantar todas elas. De acordo com o advogado, não adianta falar em transparência se os cidadãos não entenderem aquilo que ali está escrito.

Há uma diferença óbvia entre publicidade e transparência. Se o destinatário não tiver acesso a informação, essa transparência não existe. O segredo de informações tem de ser uma exceção, apenas quando os dados forem sigilosos a ponto de colocar a autoridade em risco. Esconder dados da população ou tentar burlá-los não pode ser uma regra

Fabrício Motta, presidente do Instituto Brasileiro de Direito Administrativo

Outro lado 
O Metrópoles questionou o Senado sobre todas as viagens realizadas pela diretora-geral. Sobre as missões internacionais, a Casa afirmou: “A servidora esteve em Tel Aviv [Israel] como palestrante. Em outubro, a diretora participou do Programa de Estudos realizado pela Câmara Alta do Parlamento Alemão, em Berlim. Por sua vez, a viagem a Nova York ocorreu no âmbito de um programa na Universidade. Nas três ocasiões, ela recolheu as respectivas diferenças tarifárias, seja de upgrade ou de remarcação, no valor de R$ 6.861,73”.

A comunicação da Casa afirmou que a viagem para os Estados Unidos custou R$ 7.333,99 ao Senado e que os outros R$ 2.052,10 – pagos a mais para que Ilana Trombka saísse da classe econômica para a econômica plus – foram bancados por ela. No entanto, no site oficial consta que todos os R$ 9.386,10, mais R$ 131,22 com seguro viagem, foram pagos pela Casa legislativa. A reportagem pediu para ter acesso aos comprovantes de reembolso, que não foram enviados pelo Senado.

Confira o detalhamento dos gastos:

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Sobre o curso com um coach em São Paulo, o Senado afirmou que o treinamento “está voltado à transformação do estilo de liderança, no sentido de capacitar os gestores a lidar com a inovação, pensar estratégica e sistematicamente, liderar em contextos de incerteza, motivar e integrar grandes grupos e ser capaz de gerar soluções customizadas”.

“Esse aprendizado é transmitido por meio de uma vivência intensiva na sede da empresa, em Cotia (SP), o que transcende o formato tradicional de seminários e cursos, oferecidos por outras instituições educacionais. Ressalta-se que não há oferta de capacitação interna do treinamento requerido”, completou a assessoria do Senado.

Ainda segundo a comunicação da Casa, Ilana esteve “na reunião com a Raquel Maia, CEO da empresa Pandora Brasil, para discutir o Programa de Assistência a Mulheres em Situação de Vulnerabilidade Econômica em Decorrência de Violência Doméstica e o Programa de Igualdade de Gênero, implantados pelo Senado Federal”.

Por fim, a Casa afirmou que “a servidora Juliana Borges é chefe de gabinete e acompanhou a diretora-geral ao Prêmio Viva para prestar-lhe assessoria, uma vez que o convite enviado pela instituição promotora do evento contemplava tal situação”.

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