Baiano diz que Delcídio era padrinho político de Cerveró na Petrobras
Lobista disse ao Ministério Público Federal que “não tomou conhecimento de um repasse periódico” de valores da Diretoria Internacional da Petrobras para o senador
atualizado
Compartilhar notícia
O lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, afirmou em sua delação premiada que a manutenção do engenheiro Nestor Cerveró na Diretoria Internacional da Petrobras era sustentada pelo senador Delcídio Amaral (PT-MS) – preso na quarta-feira passada (25/11) sob suspeita de tentar barrar as investigações da Operação Lava Jato.
Fernando Baiano, supostamente ligado ao PMDB, é acusado de ser um dos operadores de propina no esquema de corrupção instalado na estatal petrolífera entre 2004 e 2014.
Em depoimento à Procuradoria-Geral da República (PGR), em 9 de setembro deste ano, o lobista citou o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu como parte das negociações para a indicação de Cerveró ao cargo. Segundo Baiano, ele e o ex-diretor tinham uma “relação de amizade”.
“De acordo com informação repassada ao depoente pelo próprio Nestor Cerveró, ele foi nomeado para a Diretoria Internacional da Petrobras, em 2003, por indicação de Delcídio Amaral. Pelo que o depoente sabe, a indicação e nomeação de Nestor Cerveró foram tratadas com o então ministro da Casa Civil José Dirceu. Na época se dizia que todas as nomeações de diretores da Petrobras passavam pela Casa Civil da Presidência da República”, diz o depoimento.
O delator declarou que Cerveró ligou para ele e contou sobre a indicação para a diretoria. “Pelo que o depoente sabia, a permanência de Nestor Cerveró no cargo era sustentada por Delcídio Amaral”, disse.
Baiano disse ao Ministério Público Federal que “não tomou conhecimento de um repasse periódico” de valores da Diretoria Internacional da Petrobras para o senador.
‘Negócios pontuais‘
“O depoente acredita que apenas negócios pontuais levados por Delcídio Amaral para a Diretoria Internacional possivelmente geravam para ele alguma vantagem financeira indevida”, afirmou, sem especificar quais seriam os negócios e os valores.
Nestor Cerveró e Fernando Baiano já foram condenados em processos na Lava Jato por corrupção e lavagem de dinheiro. Em uma das ações, o juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações da Lava Jato na primeira instância, impôs 12 anos e 3 meses de prisão para ex-diretor da Petrobras. O lobista pegou 16 anos. Em sua primeira condenação, Cerveró foi recebeu pena de 5 anos de prisão pelo crime de lavagem de dinheiro na compra de um apartamento de luxo em Ipanema, no Rio.
O lobista deixou a cadeia, no Paraná, há duas semanas. Fernando Baiano ficou preso por um ano. O ex-diretor Cerveró está preso desde janeiro deste ano.