Aziz pede convocação de Ricardo Barros para a CPI da Covid-19
Líder do Governo na Câmara teria sido citado por Bolsonaro como “dono do rolo” da compra de vacinas superfaruradas, segundo Luis Miranda
atualizado
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O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), apresentou um requerimento para convocar o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros. Aprovado pelo grupo de parlamentares que integram a comissão, o pedido pode ser colocado em votação nesta terça-feira (29/6), pouco antes do depoimento do deputado estadual pelo Amazonas Fausto Júnior.
O nome de Ricardo Barros foi citado pelo deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) em depoimento à CPI na sexta-feira passada (25/6).
Na ocasião, o deputado afirmou que o líder do Governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), havia sido mencionado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) como possível envolvido em esquema, ao ouvir denúncia sobre os supostos problemas no contrato da vacina. Barros nega envolvimento.
Além de Aziz, outro requerimento foi apresentado pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE). Ele apontou a necessidade de obter mais informações sobre as denúncias feitas por Luis Miranda à comissão.
Luiz Miranda prestou depoimento ao lado do irmão Luis Ricardo Miranda, que é coordenador da área de importação de insumos no Ministério da Saúde. Os dois contaram ter se reunido com o presidente Jair Bolsonaro em 20 de março, no Palácio da Alvorada.
Segundo o parlamentar, a conversa durou 50 minutos. O mandatário do país teria citado o nome do líder do governo, nos primeiros 10 minutos de diálogo, como dono do esquema envolvendo a importação da Covaxin.
Além de Ricardo Barros, os senadores da CPI esperam chamar, o mais rápido possível, para depor na comissão, o servidor do Ministério da Saúde Rodrigo de Lima.
O requerimento para a convocação de Rodrigo de Lima ainda não foi apresentado e deve ser decidido em uma reunião que ocorrerá na noite desta segunda-feira (28/6), na casa do presidente Omar Aziz, com o grupo que coordena os trabalhos, o chamado G7.
O funcionário de carreira foi citado pelo colega de ministério Luis Ricardo Miranda na CPI, quando o depoente disse que a negociação por uma vacina havia sido travada por causa de cobrança de propina de gestores da pasta.
Militar representante
No depoimento, Luis Ricardo disse: “O ministério estava sem vacina e um colega de trabalho, Rodrigo, servidor, me disse que tinha um rapaz que vendia vacina e que esse rapaz disse que os seus, alguns gestores, estavam pedindo propina”, afirmou no depoimento.
Na semana passada, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Rodrigo chegou a dizer que sua ação em meio ao contrato para a compra da vacina indiana Covaxin se limitou a fazer um favor ao coronel da reserva do Exército Roberto Criscuoli. Segundo Lima, a pedido do militar, ele teria o apresentado “alguém” do Departamento de Logística (DLog).
O militar, segundo Lima, teria se apresentado como representante de vacinas.
Lima negou na entrevista que tenha ouvido menção à cobrança de propina na pasta, diferentemente do que foi dito pelo servidor Luis Ricardo Miranda.
Agenda
Além do depoimento do deputado amazonense, a CPI tem nesta semana mais duas presenças consideradas importantes para elucidar o suposto esquema de propina na compra de imunizantes.
Também seria fundamental para detalhar a existência do chamado gabinete paralelo de aconselhamento de Bolsonaro, que teria funcionado no Palácio do Planalto, à revelia das orientações repassadas por autoridades de saúde mundiais e do próprio Ministério da Saúde.
Na quarta-feira (30/6), a CPI espera ouvir o empresário Carlos Wizard, e na quinta, será a vez de Francisco Emerson Maximiniano, sócio da empresa Precisa, que teria intermediado a compra da Covaxin.
Passaporte
Wizard chegou ao Brasil nesta segunda-feira (28/6). Ele desembarcou no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP), por volta das 9h20.
O empresário saiu na noite de domingo (27/6) dos Estados Unidos, onde estava, desde março, para acompanhar dois familiares em um tratamento de saúde.
A Justiça Federal determinou a retenção do passaporte do empresário. Após o desembarque, ele foi encaminhado à sede da Polícia Federal em Viracopos para entregar o documento. Depois de entregar o passaporte, o empresário deixou a Polícia Federal e embarcou num jatinho particular para Brasília.
Pesa contra ele a suspeita de integrar o “gabinete paralelo”, que aconselhava Bolsonaro a tomar medidas ineficazes de combate à pandemia.
Já o empresário Maximiniano entrou na mira da CPI devido a supostas irregularidades na contratação da vacina indiana Covaxin, representada pela empresa Precisa no Brasil.
Os senadores querem saber, ainda, detalhes da reunião que o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) teve com o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, Gustavo Montezano, e o prório empresário em 13 de outubro de 2020.