Aziz diz que depoente tem falta de memória: “Conversa para boi dormir”
Presidente da CPI da Covid-19 criticou o fato de o depoente afirmar não se lembrar de episódios do qual participou e que são investigados
atualizado
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O presidente da CPI da Covid-19, senador Omar Aziz (PSD-AM), demonstrou irritação com a “falta de memória” do depoente José Ricardo Santana, apontado como lobista da Precisa Medicamentos. Ele estava em jantar no qual ocorreu o suposto pedido de propina de US$ 1 por dose de vacina comercializada pela Davati Medical Supply.
Aziz criticou o fato de o empresário ter dito, por diversas vezes, não se lembrar de episódios alvos de questionamentos do relator Renan Calheiros (MDB-AL). O senador chegou a questionar o depoente sobre uma possível viagem à Índia, que teria feito em conjunto com funcionários da Precisa, para negociar diretamente com a Bharat Biotech.
Em resposta ao relator, Santana afirmou que faria o uso do silêncio assegurado em habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A recusa em responder a pergunta de Calheiros irritou Aziz.
“Não há comprometimento em falar que foi à Índia. Será que o senhor não lembra disso também? Pelo amor de Deus. Mermão (sic), vou falar uma coisa pra ti… Meu amigo, isso é uma conversa para boi dormir, rapaz”, disparou o presidente.
Aziz se mostrou abismado com os indícios de irregularidades nas compras de vacina pelo governo federal. “Estamos vendo tanta coisa que se boi voar aqui em Brasília ninguém vai se espantar. Estamos vendo empresa avalista sem recurso, funcionário fantasma que não é fantasma, a gente vê cara pedir exoneração ganhando bom salário. Então, daqui a pouco boi vai voar”, prosseguiu.
Santana foi convocado após suspeitas dos senadores de que ele tenha atuado como lobista da Precisa Medicamentos para vender a Covaxin ao Ministério da Saúde, onde já havia trabalhado, além de ter exercido cargo de diretoria na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O depoente também teria participado do jantar no qual houve, supostamente, o pedido de propina de US$ 1 por dose para a compra de vacinas.