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Avião levou R$ 7 milhões a Henrique Alves em 2014, afirma delator

O empresário Fred Queiroz está preso no âmbito da Operação Manus, que apura fraudes de R$ 77 milhões na construção da Arena das Dunas, no RN

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MAGNUS NASCIMENTO/TRIBUNA DO NORTE/ESTADÃO CONTEÚDO
Em Natal, PF prende Henrique Eduardo Alves, ex-ministro de Temer
1 de 1 Em Natal, PF prende Henrique Eduardo Alves, ex-ministro de Temer - Foto: MAGNUS NASCIMENTO/TRIBUNA DO NORTE/ESTADÃO CONTEÚDO

O empresário Fred Queiroz, preso na Operação Manus, afirmou em delação premiada que o ex-ministro Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) comprou apoio de lideranças políticas nas eleições de 2014 com R$ 7 milhões, em espécie. O pagamento teria ocorrido apenas no primeiro turno, durante campanha do peemedebista pelo governo do Rio Grande do Norte.

No segundo turno, de acordo com a delação, outros R$ 4 milhões foram destinados à compra de apoio político.

O delator entregou ao Ministério Público Federal (MPF) uma planilha com o detalhamento da aquisição, recebimento e distribuição dos recursos aos vereadores, prefeitos e deputados estaduais. Os políticos apoiaram o ex-parlamentar na candidatura ao governo potiguar em 2014.

A Manus, deflagrada no estado para apurar fraudes de R$ 77 milhões na construção da Arena das Dunas, prendeu o ex-ministro em 6 de junho.

A reportagem teve acesso ao termo homologado na última quinta-feira (24/8), entre o empresário, o Ministério Público Estadual e a Procuradoria da República no Rio Grande do Norte. Fred Queiroz relatou que articuladores da campanha de Alves ao governo potiguar “precisavam de R$ 10 milhões a R$ 12 milhões para a campanha e que os valores seriam destinados à compra de apoio político”.

De acordo com o delator, o ex-ministro, na ocasião, respondeu que não dispunha dos recursos, mas que “tentou viabilizar” com a Odebrecht e a JBS o montante de R$ 7 milhões. Segundo o documento, em setembro daquele ano, “chegaram de R$ 5 a R$ 7 milhões de reais provenientes da pessoa de ‘Joesley’ e esses valores “não foram declarados em prestação de contas eleitorais”.

Os R$ 7 milhões, conforme detalhado na delação, foram entregues em uma mala a um assessor particular do ex-presidente da Câmara Federal em um hotel da Via Costeira, na praia de Ponta Negra, zona Sul de Natal.

Ainda de acordo com a delação, José Geraldo, assessor particular de Alves, foi a um hotel encontrar um casal que veio de Mato Grosso em um avião particular. O assessor levou o dinheiro em uma mala para casa da sogra, diz o depoimento de Fred Queiroz aos procuradores da República, Rodrigo Telles de Souza e Fernando Rocha de Andrade.

Segundo o delator, o coordenador-geral da campanha de Henrique Alves no interior do Rio Grande do Norte, Benes Leocádio (atual presidente da Federação dos Municípios, a Femurn), foi ao encontro do assessor de Alves com uma listagem dos beneficiados

Despesas
Já no anexo referente ao segundo turno daquela mesma eleição, Queiroz admitiu que usou sua empresa para receber R$ 9 milhões, dos quais apenas R$ 5 milhões de reais foram destinados a despesas do contrato, entre elas aquisição de gasolina, pagamento de pessoal, aluguel de equipamentos, carro de som, alimentação e estrutura de palco.

Dos R$ 9 milhões, R$ 4 milhões teriam sido destinados à compra de apoio político somente no segundo turno.

Defesa
O advogado Marcelo Leal, que defende Alves, afirmou que parte do dinheiro sacado pela empresa de Queiroz teve por destinação lideranças políticas do estado. No entanto, os valores não seriam para compra de apoio, mas sim para que os políticos utilizassem o recurso na prestação de serviços com atividade de militância e mobilização de rua.

A Odebrecht já admitiu, em delações, pagamento de caixa 2 em campanhas políticas do ex-ministro. A JBS não comentou a delação de Queiroz até a conclusão desta edição. A reportagem não conseguiu localizar as defesas de José Geraldo, assessor de Alves, e Benes Leocádio, o coordenador da campanha.

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