Auxiliar de Queiroga acusa Capitã Cloroquina de falsidade ideológica
A confusão começou após Mayra Pinheiro reagir a acusações – que teriam sido feitas por João Lopes – de que ela articula contra o ministro
atualizado
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Duas figuras próximas ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, centralizam uma crise nos bastidores da pasta. Após a secretária da Gestão do Trabalho e da Educação, do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, conhecida como Capitã Cloroquina, registrar um boletim de ocorrência contra o chefe de gabinete de Queiroga, João Lopes de Araújo Júnior, ele a acusa de falsidade ideológica e denunciação caluniosa, entre outros crimes.
A confusão começou após Mayra reagir a acusações – que teriam sido feitas por João Lopes – de que ela e o ministro do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni, atuam em conjunto para derrubar Queiroga.
Nesta segunda-feira (11/10), a defesa de João Lopes divulgou nota em que tenta transparecer normalidade na relação entre os colegas de trabalho, mas pontua que a Capitã Cloroquina responderá pelas acusações.
“Fora do ambiente do Ministério da Saúde, todas as medidas legais já estão sendo tomadas a assegurar a integridade moral do Sr. Joao Lopes, pois, como se sabe, o STJ [Superior Tribunal de Justiça] firmou entendimento de que efetuar divulgação de mensagem privada sem consentimento pode caracterizar como crime, além da possibilidade de ser ainda a Srª Mayra incutida nos crimes de falsidade ideológica, comunicação falsa de crime e/ou ainda denunciação caluniosa, no qual, será devidamente apurada pelas autoridades competentes e fora do âmbito político”, destaca trecho da nota.
O documento é assinado pelo escritório Anderson Gama Sociedade Individual de Advocacia, sediado em Salvador, na Bahia.
“O Sr. João Lopes, no estrito dever de cumprir a sua missão, enquanto chefe de gabinete do Ministro da Saúde, sempre velará pela integridade de toda a equipe do Ministério da Saúde e continuará defendendo os interesses do ministro pelo contínuo progresso da saúde de nosso país, pois, caso assim não o seja, o próprio João Lopes pode acabar cometendo crime de prevaricação por omissão”, frisa.
Mayra, quando registrou o boletim de ocorrência contra João, anexou mensagens de aplicativo nas quais o chefe de gabinete suspostamente tramava contra Queiroga.
Segundo a nota da defesa de João Lopes, em nenhum momento ele efetuou qualquer tipo de ameaça. “[A frase] ‘vai ver a mão de Deus sobre você’ é um jargão religioso utilizado no âmbito da instituição evangélica frequentada por ambos”, pondera a defesa.
Embate
O imbróglio na pasta da Saúde se dá num momento em que Queiroga evita bater de frente com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Isso porque um relatório elaborado pela Comissão de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), a pedido do ministro, concluiu que nenhum dos medicamentos do chamado kit Covid tem eficácia no tratamento ambulatorial de pacientes diagnosticados com Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus.
O relatório contradiz o discurso de Bolsonaro, que continua a defender o tratamento precoce e o uso de substâncias cuja ineficácia contra a Covid-19 já foi comprovada cientificamente.