metropoles.com

Auditor do TCU confessa que pai militar repassou dados a Bolsonaro

Corregedor do TCU, ministro Bruno Dantas pediu à Polícia Federal abertura de inquérito e apuração do ato de auditor

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Reprodução/YouTube
Alexandre Marques
1 de 1 Alexandre Marques - Foto: Reprodução/YouTube

O auditor do Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques confessou à chefia imediata no Tribunal de Contas da União (TCU) que foi ele o autor das análises que levaram o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a divulgar a notícia falsa de que o órgão questionava o número de mortes por Covid-19 no Brasil.

Conforme relato encaminhado à corregedoria do tribunal e divulgado pela colunista Monica Bergamo, da Folha de S.Paulo, o auditor disse ter comentado o teor de suas opiniões com o pai, que é militar e amigo pessoal de Bolsonaro. O funcionário da Corte de Contas informou que o pai teria enviado o texto ao presidente.

O corregedor do TCU, ministro Bruno Dantas, quer que a Polícia Federal (PF) abra um inquérito para apurar a suposta elaboração de análises que levaram o presidente Bolsonaro a questionar os registros de óbitos por Covid-19, segundo apurou Igor Gadelha, colunista do Metrópoles.

O pedido foi oficialmente feito por Dantas à presidência do TCU nesta quarta-feira (9/6), em despacho ao qual a coluna teve acesso. No documento, o ministro pede ainda a instauração de processo administrativo disciplinar e o afastamento preventivo do servidor do cargo de auditor, para não atrapalhar as investigações.

“As revelações que se tornaram públicas até o momento apontam fatos que, se comprovados, se revestem de extrema gravidade, na medida em que, além da possível infração disciplinar, atingem de maneira severa a credibilidade e a imagem institucional do Tribunal de Contas da União”, assinalou o ministro da Corte.

A expectativa é que a presidente do TCU, Ana Arraes, acate o pedido ainda nesta quarta-feira e peça à PF que instaure o inquérito. A magistrada também deve afastar Alexandre Figueiredo Costa Silva do cargo de auditor por 60 dias, impedindo-o de entrar no prédio da Corte e de ter acesso ao sistema interno.

No despacho, o corregedor afirma que, diante das informações apuradas até o momento, o auditor “pode ter utilizado de sua função de supervisor para tentar inserir no trabalho documento/questão que não guardava relação com o objeto da fiscalização”, sem o respaldo dos demais membros da equipe.

Entenda

No dia 6 de junho, o auditor Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques elaborou uma análise na qual pontuou que, como o número de óbitos serviam como parâmetro para que os estados recebessem repasses de recursos do Ministério da Saúde para o combate à Covid-19, poderia haver um superdimensionamento dos dados.

O auditor apresentou resultados de sua tese aos colegas de trabalho do TCU, que o teriam repreendido por considerarem que a intenção de Alexandre consistia em desqualificar o trabalho dos governadores estaduais e favorecer o discurso da gestão federal. Nenhum outro auditor do TCU teria endossado o “estudo”, por considerá-lo uma farsa.

A tese de que governadores e prefeitos inflariam, artificialmente, a quantidade de mortes para receber mais recursos federais é propagada pelo presidente da República. Na segunda-feira (7/6), o chefe do Executivo nacional afirmou que um relatório do TCU apontava que o número de mortes por Covid-19 em 2020 seria equivalente à metade do oficialmente registrado.

No ano passado, o país registrou 194.949 vítimas da doença, índice que foi ultrapassado em apenas cinco meses de 2021. No total, o Brasil contabiliza 473.404 óbitos por Covid-19, desde o início da pandemia.

O TCU prontamente desmentiu o presidente da República. O titular do Palácio do Planalto também reconheceu, na terça-feira (8/6), que a informação que passou ao público não era verdadeira, e afirmou ter divulgado dados que constavam em uma tabela que questionava a taxa brasileira de mortalidade por Covid-19, com base em um “acórdão” do TCU.

Afastamento do auditor

Alexandre atua na Secretaria de Controle Externo do TCU da Saúde e mora em Jundiaí (SP). O Metrópoles confirmou que o servidor tem ligação com a família Bolsonaro, é crítico do PSol e da imprensa.

O funcionário público também havia sido indicado a uma diretoria do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em 2019. A indicação, no entanto, foi barrada pelo próprio TCU, que justificou a decisão alegando conflito de interesses, já que o tribunal fiscaliza o banco.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?