Ato “Fora Temer” reuniu brasileiros em Lisboa
Os manifestantes fizeram apelos “pela democracia” e gritaram palavras de ordem contra o presidente interino Michel Temer, classificando a sua chegada ao poder de “golpe de Estado”
atualizado
Compartilhar notícia
Um protesto internacional contra o afastamento da presidenta brasileira Dilma Rousseff reuniu neste domingo (31/7) dezenas de pessoas em Lisboa. Os manifestantes fizeram apelos “pela democracia” e gritaram palavras de ordem contra o presidente interino Michel Temer, classificando a sua chegada ao poder de “golpe de Estado”.
Por volta das 19h no horário local (15h em Brasília), a praça do Rossio, em Lisboa, começou a animar-se com a progressiva concentração de ativistas, alguns transeuntes e poucos turistas. Uns transportavam bandeiras do Brasil, de Portugal, outros escreviam palavras de ordem em cartazes de várias cores, desafiando um vento persistente.“Pela democracia”, “Fora Temer”, numa referência ao antigo-vice-Presidente e atual Presidente interino Michel Temer, “Volta Querida”, numa alusão à ex-chefe de Estado, suspensa do cargo em 12 de maio.
As cerca de 60 pessoas presentes juntaram-se num pequeno cordão humano e enquadradas por uma grande faixa com a frase “Golpe nunca mais. Fora Temer”, enquanto se iniciavam os discursos de diversos representantes do Coletivo Andorinha – Frente Democrática Brasileira de Lisboa, e de outras associações.
“Já foi comprovado que nada há juridicamente contra a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, e mesmo assim foi perpetrado um golpe. É um problema que queremos resolvido e queremos o respeito pelo voto. A eleição foi feita, mas a vontade do povo não está a ser respeitada”, disse Newton de Souza, 51 anos, membro do Coletivo Andorinha e há um ano e meio em Portugal.
A concentração prosseguiu na Praça do Rossio, com intervenções de cidadãos brasileiros vindos de diversas cidades de Portugal, como Coimbra e Cidade do Porto. Por vezes, os manifestantes gritaram palavras de ordem como “Golpistas, fascistas, não passarão” e “Em Portugal e no Brasil, sempre em defesa dos valores de abril”.
Newton de Souza denunciou, com convicção, a “maioria das pessoas que hoje estão no Congresso e no Governo” e envolvidos em casos de “corrupção comprovada”, o “desmantelamento da economia e principalmente das riquezas naturais”. Ele citou a recente privatização de um campo de petróleo do pré-sal para a empresa norueguesa Statoil.
Parcialidade
O ativista denunciou ainda o que considera “parcialidade muito grande da Justiça” no processo de impeachment. Segundo ele, muitos partidos, além do PT, “estão envolvidos em casos de corrupção que não são nem noticiados e muito menos indiciados”. Ele contestou a decisão de um tribunal de Brasília que, na sexta-feira (29), abriu ação contra o ex-presidente Lula.
“É um estado de infabilidade jurídica que amanhã pode atingir todos nós. Aparentemente há um crescente movimento de perseguição que é algo que parece a ascensão de uma direita. Não é apenas um problema do Brasil, mas que está a acontecer pelo mundo”, ressalta.
“Convocamos a sociedade portuguesa, europeia, para prestar atenção ao que está a acontecer. Não tenho a certeza do que vou encontrar no meu país quando voltar”, acrescentou.
Os discursos prosseguiram pela noite no meio da praça e não pouparam a mídia comercial, também considerada pelos manifestantes cúmplices do chamaram de “golpe de Estado”.
Uma ativista distribuiu panfletos com uma lista alternativa de 63 blogs, sites e contas em redes socias.
“Espero que Dilma volte, cumpra o seu mandato e convoque um plebiscito para uma reforma política, que é algo fundamental no Brasil. Hoje, é claro e evidente que o sistema eleitoral está comprometido. E queremos que os direitos sociais sejam respeitados. Não se pode abrir mão”, destacou Newton da Silva, enquanto prosseguia o protesto coletivo.