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Até votação do impeachment, PP não discutirá saída do governo

O anúncio foi feito após senadores e deputados de oposição dentro do partido pedirem o cancelamento da reunião que os parlamentares fariam na tarde desta quarta-feira (6/4)

atualizado

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Em ambiente interno, o senador Ciro Nogueira olha para a câmera e sorri. Ele usa terno cinza e gravata vermelha - Metrópoles
1 de 1 Em ambiente interno, o senador Ciro Nogueira olha para a câmera e sorri. Ele usa terno cinza e gravata vermelha - Metrópoles - Foto: Divulgação

O presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), anunciou nesta quarta-feira (6/4), que o partido vai permanecer na base do governo até que aconteça a votação do impeachment no plenário da Câmara. De acordo com o senador, dos 57 parlamentares do partido, mais de 40 queriam permanecer no governo. A decisão ocorre um dia depois de o partido assumir cargo de direção-geral no Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs).

O anúncio foi feito após senadores e deputados de oposição dentro do partido pedirem o cancelamento da reunião que os parlamentares fariam na tarde desta quarta-feira para analisar se permaneceriam ou não na base do governo.

“Se tivesse número para desembarcar hoje, a reunião teria acontecido”, disse Nogueira. De acordo com ele, o setor oposicionista do partido foi confrontado pela maioria dos parlamentares, que não queriam o desembarque.

Desembarque
O presidente do partido fez ainda uma analogia com o desembarque do PMDB, que no dia seguinte foi entendido por alguns como um tiro no pé. “Eles cometeram o mesmo erro do PMDB”, disse em referência aos deputados pró-impeachment do PP, que na reunião da bancada da última semana garantiram que o partido iria desembarcar do governo.

Ao avaliarem que a posição não era a da maioria, e que muitos parlamentares permaneceriam no seu posto, os oposicionistas abriram o caminho para que o presidente do partido anunciasse oficialmente que permanece com o governo. “Caíram na armadilha deles mesmos”, teria dito Nogueira a interlocutores.

O presidente do PP evitou falar sobre qual orientação dará às bancadas para a votação de impeachment. “Ainda estamos discutindo se liberaremos o voto ou não na votação de impeachment. Mas a tendência da maioria do partido é votar com a presidente Dilma”, garantiu.

Ele ponderou que os parlamentares favoráveis ao impeachment também são representativos no partido e compõem os principais diretórios, como o dos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Mas negou que vá liberar a bancada e apenas se limitou a dizer que estes parlamentares “não serão perseguidos”.

Negociação de cargos
O presidente também negou que o partido tenha feito qualquer negociação de cargo para tomar esta posição. “Nenhum membro do PP, inclusive o presidente, está autorizado a negociar cargos com o governo”. Apesar disso, nos bastidores, parlamentares do PP admitem que a negociação continua. O partido tem exigido um ministério “com orçamento”, como o da Saúde, para continuar na base aliada.

Ontem, um indicado pelo partido foi nomeado pela presidente Dilma Rousseff diretor-geral do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs): o engenheiro civil Antonio Iran Costa Magalhães. Ele é ligado ao deputado Macedo (CE), recém-filiado ao PP, após deixar o PSL.

Oficialmente, o partido afirma que a nomeação do DNOCS faz parte de uma dívida antiga da presidente com a sigla. Segundo parlamentares do PP, o governo tinha prometido entregar o comando do departamento desde que o partido assumiu o Ministério da Integração Nacional.

Além da diretoria-geral do Dnocs, a cúpula do PP espera ainda para os próximos dias mais nomeações para o segundo e terceiro escalão do governo Dilma, principalmente para o Banco do Nordeste (BNB) e para a Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).

Nogueira admitiu ainda que a negociação após a votação de impeachment, nos moldes do que foi sugerido pela presidente Dilma, é natural e parte do presidencialismo de coalizão.

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