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Até abril, metade do ministério de Bolsonaro deve ser desfalcado por eleição

Ao menos 13 ministros devem deixar governo para serem candidatos em 2022. Desincompatibilização deve ser feita até 6 meses antes do pleito

atualizado

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1 de 1 bolso-ministros - Foto: Arte/Metrópoles

Com a mais recente reforma ministerial organizada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que colocou um dos principais líderes do Centrão no comando da Casa Civil e recriou o extinto Ministério do Trabalho e Previdência, o chefe do Executivo deverá fazer mais mudanças na estrutura da Esplanada dos Ministérios.

Pouco mais da metade do primeiro escalão de Bolsonaro deve deixar o governo para se candidatar nas eleições de 2022. A lei determina que autoridades do Executivo deixem os respectivos cargos até seis meses antes do pleito, ou seja, até 31 de março do próximo ano. 

O Metrópoles contabilizou ao menos 13 nomes que, além do vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB), e incluindo o recém-nomeado ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), devem se lançar no próximo pleito e perder o vínculo direto com o governo Bolsonaro. 

O levantamento foi feito com base em declarações públicas de Bolsonaro ou dos próprios ministros, além das tratativas sobre as eleições nos bastidores.

Mudanças ministeriais às vésperas das eleições costumam ocorrer em todos os governos. Na maioria das vezes, esses cargos são ocupados por interinos, no geral servidores de carreira da própria pasta. As trocas provocam um desfalque momentâneo e, em certa medida, esvaziam os ministérios.

Em entrevista à Rede Rádio Nordeste, na última terça-feira (27/7), Bolsonaro disse já ter conversado com alguns ministros e que eles estão abertos” a se candidatar. A disputa é importante para que o presidente, provável candidato à reeleição, tenha palanques em vários estados.

“Já falei com eles [os ministros]. Eles estão abertos. Quem quiser tentar… Boa sorte. E eles sabem muito bem [que] eles têm chances de vitórias se eu estiver bem. […] Acredito que um terço dos meus ministros se lancem candidatos no ano que vem”, declarou o presidente.  

Bolsonaro tem sinalizado que, caso concorra à eleição em 2022, não deve ter Hamilton Mourão ao seu lado por mais quatro anos. Recentemente, o presidente afirmou que o vice “por vezes, atrapalha o governo”.

Em dois anos e meio de governo, o general e o capitão reformado do Exército têm tido posições diferentes – o que, segundo interlocutores, não tem agradado o chefe do Executivo.

Com a volta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao cenário político, Bolsonaro busca um nome forte para se reeleger no pleito do ano que vem.

Em abril, Mourão afirmou que Bolsonaro escolherá outra pessoa para compor a chapa presidencial em 2022

“Bolsonaro vai escolher outra pessoa para acompanhá-lo na reeleição. O que tenho visto [nas] declarações de Bolsonaro é que ele precisaria de outra pessoa no meu lugar, mas ele nunca disse isso para mim”, disse.

Com o caminho livre, o vice pensa em concorrer a uma vaga de senador pelo Rio Grande do Sul, mas o martelo ainda não foi batido. No caso de Mourão, não é necessário deixar o posto de vice-presidente para ser candidato.

Ministros de olho em 2022

No time de 23 ministros, há seis parlamentares (cinco deputados federais e um senador) que pretendem assegurar uma nova vaga no Congresso ou disputar governos estaduais.

No próximo ano, a Casa Civil e o Ministério da Saúde provavelmente terão o  quinto ministro. O próprio Ciro Nogueira deve deixar o cargo de ministro-chefe para se candidatar ao governo do Piauí, intenção já anunciada por ele. Já Marcelo Queiroga é cogitado pelo Planalto como possível candidato ao governo da Paraíba ou ao Senado.

Os ministérios da Cidadania, da Justiça e da Secretaria de Governo devem ter o quarto ministro cada, quando Bolsonaro completar três anos e quatro meses de governo. 

Responsável pela área social do governo, João Roma (Republicanos) deve disputar o cargo de governador da Bahia. Já Anderson Torres, da Justiça, e Flávia Arruda (PL-DF), responsável pela articulação do Executivo com o Legislativo, devem concorrer ao Senado ou ao governo do Distrito Federal.

As pastas que podem ter a terceira troca com as eleições de 2022 são o Ministério do Turismo, comandado por Gilson Machado, e o Ministério do Desenvolvimento Regional, de Rogério Marinho (PSDB).

Gilson, também conhecido como sanfoneiro de Bolsonaro”, deve disputar a vaga do Senado por Pernambuco, enquanto Marinho, que já foi deputado federal, deve se candidatar a governador do Rio Grande do Norte.

O presidente Jair Bolsonaro ainda tenta emplacar o nome do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, como um possível concorrente de João Doria (PSDB) ao governo de São Paulo. 

Na última quarta-feira (28/7), o chefe do Executivo afirmou que se Tarcísio vier a ser candidato por São Paulo, “ele nem precisa fazer campanha”.

“[Tarcísio] é uma pessoa fantástica. Se ele resolver vir candidato a qualquer local, a decisão é dele, né. Eu gostaria muito que ele viesse. Mas pode ter certeza que se ele vier candidato por São Paulo, ele nem precisa fazer campanha porque, afinal de contas, vão ser os velhos políticos contra o Tarcísio”, afirmou Bolsonaro.

Além de Tarcísio, Onyx Lorenzoni, que assumiu o recém-criado Ministério do Trabalho e Previdência, também deve deixar o posto para concorrer ao governo do Rio Grande do Sul pelo Democratas.

A lista de ministros com possibilidade de deixar o governo para concorrerem em 2022 ainda contempla Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) e Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia), que podem pleitear uma cadeira no Senado; Fábio Faria (Comunicações), que deve disputar uma vaga no Senado ou o governo do Rio Grande do Norte; e Tereza Cristina (Agricultura), que pode concorrer à reeleição na Câmara, a uma vaga no Senado ou ao governo de Mato Grosso do Sul.

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