Assessor tenta delação sobre “bunker” com R$ 51 milhões
Job Brandão busca acordo com a PF e a PGR após ser preso: suas digitais estavam em cédulas recolhidas no apartamento em Salvador
atualizado
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O ex-assessor parlamentar do deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), Job Ribeiro Brandão, buscou a Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República (PGR) para fazer um acordo de colaboração premiada e já prestou depoimento à PF na última terça-feira (14/11). Aos federais, Brandão explicou qual era sua participação nos desvios que seriam praticados pelo deputado e seu irmão, o ex-ministro Geddel Vieira Lima.
O depoimento do ex-assessor foi tomado pelo delegado da operação Cui Bono? Marlon Cajado e pelo procurador do grupo de trabalho da Lava Jato na PGR Hebert Mesquita, na Superintendência da Polícia Federal, em Salvador. Atualmente, Job Ribeiro Brandão está em prisão domiciliar.
Em documento protocolado nesta sexta-feira (17) no Supremo Tribunal Federal (STF), o advogado Marcelo Ferreira de Souza, que representa Brandão, informou ao ministro Edson Fachin – relator da Lava Jato no STF – o interesse do ex-assessor em assinar um acordo de colaboração premiada.
“A partir do depoimento de Job Ribeiro Brandão, prestado no dia 14/11/2017, na sede da Polícia Federal em Salvador, verifica-se com clareza solar que o requerente não pretende se furtar à aplicação da lei penal, ao contrário, manifestou, espontaneamente, o desejo de colaborar com as investigações”, diz a petição.
Brandão já havia protocolado petição no STF na qual afirmava que devolvia aos parlamentares a maior parte (cerca de 80%) de seu salário de servidor público, em uma proporção equivalente a R$ 8 mil. Procurados, os irmãos Vieira Lima não foram localizados até a publicação dessa reportagem.
Objetivos definidos
A defesa de Job Ribeiro Brandão tem três objetivos definidos. O primeiro deles, já alcançado, era a redução da fiança estipulada para a soltura do ex-assessor. O segundo seria derrubar o mandado de prisão expedido contra ele e o terceiro, o ressarcimento dos valores que, segundo Brandão, eram devolvidos ao deputado e seu familiares. Para alcançar o terceiro objetivo, o ex-assessor deve indicar pessoas com conhecimento sobre a devolução de cerca de 80% de seu salário ao parlamentar. .
Na petição encaminhada ao STF, o advogado de Brandão apontou que seu cliente é “primário de bons antecedentes, tem residência fixa na cidade de Salvador, tudo a demonstrar que não há risco para a ordem pública ou inconveniente para a investigação ou persecução penal com sua soltura.”
Por esses argumento, o advogado Marcelo Ferreira solicitou a revogação da prisão domiciliar e da monitoração eletrônica “com a consequente notificação da autoridade policial e/ou Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização da Bahia para que promova as medidas necessárias à retirada do equipamento.”