Arthur Weintraub nega gabinete paralelo: “Fiz evento com médicos”
Ex-assessor da Presidência disse que, por conta própria, decidiu se tratar por dois dias com antimalárico, para recomendar a Bolsonaro
atualizado
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Após anunciarem que estão se recuperando da Covid-19, nos Estados Unidos, o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub e seu irmão, o ex-assessor especial da Presidência Arthur Weintraub, soltaram um vídeo, neste sábado (5/6), falando a respeito do enfrentamento à pandemia de coronavírus. Os irmãos fazem parte da chamada ala ideológica do governo Jair Bolsonaro (sem partido).
Na gravação, Abraham começa contando como descobriu que o coronavírus estava se instalando no país. Segundo ele, o então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, o procurou e, na ocasião, aumentou a gravidade da situação.
“Recebemos Mandetta e ele descreveu um cenário de caos. A crise era muito pior do que estava sendo divulgada e que iam morrer de 2 a 4 milhões de brasileiros no ano de 2020. Nessa reunião, ele disse que o Exército passaria com caminhões recolhendo corpos. A única coisa que me deu alívio foi que o Mandetta descreveu que não haveria crianças morrendo de Covid”, falou.
Ele disse que, ao saber do vírus, procurou o irmão, Arthur, “que é pesquisador”. Quando ele me contou, eu achei inaceitável dizer que não havia nenhum tratamento. Então eu, como pesquisador, falei com o presidente e comecei a ler sobre o que existia”, começou a explicar Arthur.
De acordo com o ex-assessor da Presidência, ele encontrou artigos sobre remédios contra a malária e, por conta própria, decidiu fazer um tratamento por dois dias, antes de recomendá-los ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
“Eu fui na farmácia, comprei sem receita e tomei por dois dias. Depois, fui comentar com o presidente que havia coisas publicadas sobre o assunto – eu estava entrando em contato com pesquisadores. E ele disse: ‘passe a estudar e você vai me trazer o que você for encontrando'”, relatou.
Arthur confessou que realizou um evento em 2020, em defesa do tratamento com os medicamentos sem eficácia comprada contra o coronavírus. “O que eu defendia era a liberdade do médico de tentar salvar vidas. Eu não organizei gabinete, eu fazia contatos científicos. Eu fiz um evento, em 2020, porque acabei tendo contato com médicos de linha de frente. Nesse evento, eu defendi a liberdade do médico de poder receitar remédio para os seus pacientes”, falou.
Veja o vídeo:
Esclarecendo, sem medo da verdade.https://t.co/pYl7PRsf3x
— Abraham Weintraub (@AbrahamWeint) June 5, 2021
Ligação com a crise
Arthur é apontado pela CPI da Covid como integrante do “gabinete paralelo” de aconselhamento do presidente Jair Bolsonaro sobre a pandemia.
Já Abraham, quando ainda era ministro da Educação, em junho do ano passado, participou de uma manifestação em Brasília a favor do governo. Ele estava sem máscara, provocou aglomeração, falou com apoiadores e tocou nas pessoas. A falta do uso de máscara lhe rendeu uma multa do governo do Distrito Federal.
Atualmente, Abraham é diretor-executivo do conselho do Banco Mundial; e Arthur, secretário de Segurança Multidimensional da Organização dos Estados Americanos (OEA).
CPI da Covid e gabinete paralelo
O nome de Arthur voltou ao noticiário nos últimos dias após a CPI da Covid apontá-lo como um dos integrantes do “gabinete paralelo“.
Esse grupo, que funcionava separado do Ministério da Saúde, segundo a cúpula CPI, aconselhava o presidente Jair Bolsonaro sobre medidas a serem tomadas na pandemia. A comissão suspeita que os conselhos não seguiam a ciência e atrapalharam o país no combate ao vírus.
O vídeo de uma reunião no Palácio do Planalto em setembro publicado pelo Metrópoles nesta sexta reforça a suspeita da CPI sobre a existência do “gabinete paralelo” de aconselhamento ao presidente Jair Bolsonaro durante a pandemia. O encontro foi transmitido ao vivo no Facebook do presidente na época.
Na reunião, o virologista Paolo Zanotto revelou que Arthur Weintraub fazia interlocução entre os profissionais do aconselhamento paralelo e Bolsonaro. O papel de Arthur é discutido na CPI, que aprovou sua convocação.