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Área nuclear deve ganhar força com novo ministro de Minas e Energia

Bolsonaro escolheu o almirante Bento Costa para integrar seu futuro governo. Militar é diretor de desenvolvimento tecnológico da Marinha

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Ministério minas e energia / ministério do turismo
1 de 1 Ministério minas e energia / ministério do turismo - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

A nomeação do almirante Bento Costa Lima Leite de Albuquerque Junior para o comando do Ministério de Minas e Energia deve fortalecer o desenvolvimento da tecnologia nuclear no país, um setor que, atualmente, tem enfrentado dúvidas sobre seu futuro.

Albuquerque Junior é um entusiasta da tecnologia nuclear e hoje ocupa o cargo de diretor-geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha. Passou os últimos dois anos integrando áreas de tecnologia que estavam descentralizadas e passou a se concentrar no projeto do submarino de propulsão nuclear que tem sido desenvolvido pelo Brasil, em parceria com a França.

O submarino, que já teve seu projeto básico aprovado, é avaliado em cerca de R$ 35 bilhões, a preços atuais. A expectativa é que sua construção se inicie em 2022.

Oficial da Marinha, Albuquerque Junior também coordena as atividades de construção de quatro submarinos convencionais – equipamentos movidos a diesel – e que já estão em andamento. O primeiro deles, que será lançado em 14 de dezembro, faz parte do programa de transferência de tecnologia firmado entre os governos brasileiro e francês.

Ao longo deste ano, o futuro ministro de Minas e Energia realizou diversas palestras sobre o programa nuclear brasileiro, em eventos para clubes de engenharia. Bento também tem conduzido as operações do Centro Experimental de Aramar (CEA), da Marinha, localizado no município de Iperó, região de Sorocaba, a 125 km da capital paulista. A ambição dos militares é transformar a região no maior polo de desenvolvimento nuclear do País.

Uma vez no governo, Albuquerque Junior deverá dar um destino às obras paralisadas da usina nuclear de Angra 3. Projeto do período militar, Angra 3 começou a ser erguida em 1984. Suas obras prosseguiram até 1986, mas depois ficariam paralisadas por 25 anos, até serem retomadas em 2009 pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O empreendimento travaria novamente em 2015, por causa de denúncias da Lava Jato.

A questão de Angra 3 é seu custo: a conclusão da planta nuclear, que chegou a 58% de execução, já foi estimada em R$ 17 bilhões. Desistir dela, porém, custaria R$ 12 bilhões. a cúpula de transição de Bolsonaro já deu sinais de que pretende concluir a usina, a qual aumentaria a conta de luz do consumidor em pelo menos 1,3%, segundo cálculos da Aneel.

A atenção para projetos nucleares poderá até ressuscitar planos antigos, como a proposta de erguer ao menos quatro usinas nucleares no País, iniciativa que foi defendida pela ex-presidente Dilma Rousseff e que chegou a ser alvo de estudos, inclusive com apontamento de Estados que receberiam essas novas usinas.

Esses projetos estavam em etapas avançadas até meados de 2011, quando o incidente nuclear de Fukushima, no Japão, naquele ano, colocou as propostas na gaveta.

Nascido no Rio de Janeiro (RJ), o almirante iniciou sua carreira na Marinha do Brasil em 1973. Foi encarregado dos Estudos de Planejamento Militar, de Jogos de Guerra, e de Política e Estratégia da Escola de Guerra Naval; comandante da Base de Submarinos “Almirante Castro e Silva”; chefe de gabinete do Chefe do Estado-Maior da Armada; e assessor chefe parlamentar do Gabinete do Comandante da Marinha.

É pós-graduado em Ciências Políticas pela Universidade de Brasília, com MBA em gestão internacional pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e MBA em gestão pública pela Fundação Getulio Vargas.

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