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Após superar desavenças, Bolsonaro dá palanque para Mourão no RS

Desde que anunciou sua candidatura ao Senado, vice-presidente participou de três das quatro visitas de Jair Bolsonaro ao estado

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Mourão e Bolsonaro
1 de 1 Mourão e Bolsonaro - Foto: Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Depois de meses de desavença, a relação do vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos) com o presidente Jair Bolsonaro (PL) parece viver dias de paz. Levantamento do Metrópoles mostra que, após o general ter anunciado que disputará uma cadeira ao Senado Federal, os dois passaram a viajar juntos ao Rio Grande do Sul – estado pelo qual Mourão deve tentar uma vaga.

O general e o chefe do Executivo federal estiveram juntos em três das quatro visitas presidenciais ao estado. Nessas ocasiões, Bolsonaro permitiu que Mourão compusesse o palanque dos eventos oficiais.

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Em três anos de governo, general do Exército e capitão reformado têm tido posições diferentes, o que não agrada o presidente Bolsonaro
Mourão foi a terceira opção para ser companheiro de chapa do ex-capitão. Inicialmente, Bolsonaro pensava em Janaína Paschoal e no “príncipe” Luiz Philippe de Orleans Bragança
A chapa foi eleita em 2018, mas a harmonia acabou rapidamente. A crise entre Bolsonaro e Mourão se arrasta desde o fim de janeiro de 2019, e o presidente já disse que não quer o atual vice em uma eventual disputa pela reeleição
Desde o início do mandato, o presidente diminuiu o número de agendas com o seu vice em 85%. No primeiro ano do governo, foram registradas 35 reuniões entre os dois; em 2021, Bolsonaro e Mourão se encontraram em apenas cinco oportunidades
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Em três anos de governo, general do Exército e capitão reformado têm tido posições diferentes, o que não agrada o presidente Bolsonaro

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Mourão foi a terceira opção para ser companheiro de chapa do ex-capitão. Inicialmente, Bolsonaro pensava em Janaína Paschoal e no “príncipe” Luiz Philippe de Orleans Bragança

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A chapa foi eleita em 2018, mas a harmonia acabou rapidamente. A crise entre Bolsonaro e Mourão se arrasta desde o fim de janeiro de 2019, e o presidente já disse que não quer o atual vice em uma eventual disputa pela reeleição

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Desde o início do mandato, o presidente diminuiu o número de agendas com o seu vice em 85%. No primeiro ano do governo, foram registradas 35 reuniões entre os dois; em 2021, Bolsonaro e Mourão se encontraram em apenas cinco oportunidades

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Confira as agendas em que Mourão acompanhou Bolsonaro, no dia 8 de abril:

  • Cerimônia de Inauguração da Duplicação da BR-116 e da BR-392
  • Cerimônia por ocasião de Visita às Obras da Unidade de Radioterapia da Santa Casa de Caridade de Bagé
  • Entrega das obras de ampliação do Aeroporto Regional de Passo Fundo

No dia 7 de abril, Bolsonaro esteve no Rio Grande do Sul para participar da Feira Nacional da Soja. Havia previsão de que o vice-presidente participasse, mas isso não ocorreu. Mourão estava voltando de viagem ao Uruguai e não conseguiu chegar a tempo.

Mourão fora da chapa à reeleição

Após receber várias alfinetadas do presidente, Mourão anunciou, em fevereiro deste ano, que não comporia uma eventual chapa de reeleição.

Pouco mais de um mês depois, o vice-presidente se filiou ao Republicanos, em cerimônia na sede do partido.

Levantamento do Metrópoles aponta que, até o fim do ano passado, o chefe do Executivo já havia alfinetado ou desautorizado Mourão em público ao menos 24 vezes desde o início do mandato.

Na última delas, o ex-capitão criticou a “autonomia” do general. Segundo Bolsonaro, o vice teria “vida própria”, e isso pode ter criado problemas. Um dos indícios do desalinhamento é a queda do número de reuniões entre os dois. Os encontros entre o presidente e o vice caíram 85% de 2019 a 2021.

Reaproximação por conveniência

De acordo com Ricardo Caichiolo, professor de Ciências Políticas do Ibmec Brasília, “não há dúvidas de que a aproximação do pleito eleitoral é o fator fundamental para a reaproximação” entre o presidente Jair Bolsonaro e o vice Hamilton Mourão. Isso porque, mesmo que Bolsonaro o tenha rejeitado em certas ocasiões, o mandatário sabe o peso político do general.

“Por um lado, o vice-presidente exerce grande influência junto às Forças Armadas, especialmente o Exército, com quem convém a Bolsonaro manter uma relação harmônica, na medida em que os militares têm tido um papel fundamental em seu governo e terão, também, na corrida eleitoral”, explica o especialista.

Além do benefício que a união traz para Bolsonaro, segundo Caichiolo, Mourão também se favorece com a trégua, já que precisará de apoio político no estado.

“Para Mourão, o apoio do presidente em sua campanha ao Senado pelo Rio Grande do Sul mostra-se o único caminho possível. Qualquer sinalização diferente representaria uma ruptura, e isso não seria favorável ao vice-presidente nessa disputa que se revela bastante acirrada”, salienta o professor.

“A eleição de Mourão no estado será importante para Bolsonaro para fortalecer sua eventual base de apoio, em caso de um segundo mandato”, completa.

Bom desempenho

Não foi à toa que, após a filiação, o vice-presidente intensificou suas idas ao Rio Grande do Sul. Em contraste com 2020 e 2021, quando o general havia ido a 15 municípios – somando os dois anos –, apenas no primeiro semestre de 2022 Mourão já visitou o estado gaúcho em 19 ocasiões.

Neste ano, 27 senadores encerram seus mandatos, isto é, apenas um terço do Senado será renovado. Cada estado terá só uma vaga para senador. O vencedor da disputa permanecerá na cadeira até fevereiro de 2030. Por ser um estado natal de grande parte dos políticos de direita e centro-direita, as candidaturas dessas figuras serão maiores que a eleição passada.

De acordo com as pesquisas mais recentes, como a do Paraná Pesquisas, o vice-presidente aparece em primeiro lugar na expectativa de votos do eleitorado gaúcho, com 22,7% da preferência. O cenário não considera o nome do ex-governador Eduardo Leite. Com Leite, Mourão ainda se mantém em primeiro, com 22%. Se a eleição fosse hoje, o general ganharia em três cenários.

Para o resultado, o Paraná Pesquisas realizou 1.540 entrevistas presenciais com eleitores de 62 municípios do Rio Grande do Sul, entre os dias 15 e 20 de maio de 2022. A margem de erro é de 2,5 pontos percentuais para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%. A pesquisa está registrada no TSE sob o número RS-05915/2022.

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Mourão, que é casado com Paula Mourão e é pai de Antônio Hamilton Rossell Mourão, ingressou na carreira militar ainda na juventude. Com o tempo, foi conquistando espaço e cargos dentro do Exército
Chegou a ser instrutor na Academia Militar das Agulhas Negras, foi vice-chefe do Departamento de Educação e Cultura do Exército, enviado para Missão de Paz na Angola, comandou a 6ª Divisão do Exército em Porto Alegre, cuidou de assuntos militares na embaixada do Brasil na Venezuela, foi Comandante Militar do Sul, entre outros
Chefiou a Secretaria de Economia e Finanças, mas foi exonerado tempos depois. À época, a exoneração foi associada às declarações que ele fez durante palestra em clubes do Exército
Carlos Bolsonaro voltou a criticar declarações de Mourão
Em fevereiro de 2018, foi transferido para a reserva remunerada, após 46 anos de serviço
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Antônio Hamilton Martins Mourão é um general da reserva do Exército do Brasil e atual vice-presidente da República. Natural de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, Mourão tem mostrado interesse em disputar as eleições de 2022 longe de Bolsonaro

Bruno Batista VPR
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Mourão, que é casado com Paula Mourão e é pai de Antônio Hamilton Rossell Mourão, ingressou na carreira militar ainda na juventude. Com o tempo, foi conquistando espaço e cargos dentro do Exército

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Chegou a ser instrutor na Academia Militar das Agulhas Negras, foi vice-chefe do Departamento de Educação e Cultura do Exército, enviado para Missão de Paz na Angola, comandou a 6ª Divisão do Exército em Porto Alegre, cuidou de assuntos militares na embaixada do Brasil na Venezuela, foi Comandante Militar do Sul, entre outros

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Chefiou a Secretaria de Economia e Finanças, mas foi exonerado tempos depois. À época, a exoneração foi associada às declarações que ele fez durante palestra em clubes do Exército

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Carlos Bolsonaro voltou a criticar declarações de Mourão

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Em fevereiro de 2018, foi transferido para a reserva remunerada, após 46 anos de serviço

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Ainda em 2018, filiou-se ao Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB) e, após resultados das eleições no mesmo ano, foi eleito vice-presidente na chapa de Bolsonaro

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Após assumirem os cargos, no entanto, a relação de Bolsonaro e Mourão se tornou conturbada. Por diversas vezes, o presidente chamou os comentários do general de “infelizes”

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Entre as polêmicas envolvendo o nome do vice-presidente estão: comentários racistas, comemoração do “aniversário” do Golpe de 1964 no Brasil e o pedido de impeachment de Mourão feito pelo deputado Marco Feliciano em 2019, que foi arquivado por Rodrigo Maia

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O distanciamento cada vez mais claro entre Bolsonaro e Hamilton tornou evidente a ruptura da atual chapa presidencial. Desprezando o nome do atual vice-presidente para concorrer às eleições de 2022, Bolsonaro já tem ao menos outros três nomes para possível vice

Rafaela Felicciano/Metrópoles
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Por sua vez, Mourão tem mostrado interesse em disputar o governo do Rio de Janeiro ou do Rio Grande do Sul. Se despedindo do PRTB, o general anunciou filiação ao Republicanos em 16 de março

Bruno Batista/ VPR

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