Após revelação da Pandora Papers, CPI vai pedir quebra de sigilo da Prevent Senior
Série de reportagens revelou que proprietários da operadora figuram como beneficiários de empresas offshore
atualizado
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A CPI da Covid-19 deve votar, ainda nesta semana, requerimento solicitando a quebra de sigilo fiscal e bancário da Prevent Senior — investigada pelo colegiado por supostas irregularidades cometidas no tratamento de pacientes durante a pandemia de Covid-19. A informação foi confirmada ao Metrópoles pelo vice-presidente do colegiado, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
A solicitação pela transferência dos dados financeiros da operadora decorre da revelação de que a Prevent Senior figura no banco de dados da Pandora Papers, como detentora de quatro offshores: a Shiny Developments Limited, a Luna Management Limited, a Hummingbyrd Ventures Limited e a Grande Developments Limited. Juntas, as empresas totalizam quase US$ 9 milhões em ativos.
Conforme antecipado pelo Metrópoles, os irmãos Andrea, Eduardo e Fernando Parrillo, donos do plano de saúde Prevent Senior, aparecem como os beneficiários das offshores. A manobra é comum, e muitas vezes seu objetivo é deixar mais opaca a propriedade de offshores. Beneficiários costumam alegar que não são donos, já que não detêm nominalmente as ações da empresa.
A operadora com rede própria de hospitais entrou no radar da CPI após os senadores receberem dossiê com denúncias de médicos que atuavam na empresa. O documento relata a difusão de medicamentos sem eficácia no tratamento de pacientes com Covid-19 da operadora, além da adesão de tratamentos protocolos médicos clandestinos nos infectados.
Os profissionais de saúde que atuavam na empresa também denunciaram à comissão que a Prevent Senior desestimulava o uso de equipamentos de proteção individual (EPI) entre os colaboradores. Há, ainda, a suspeita de que a operadora tenha fraudado certidões de óbitos de vítimas da doença para esconder a causa mortis por complicações do novo coronavírus.
O colegiado espera ouvir, nesta semana, o casal de médicos que atuou na elaboração do dossiê e o representante da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), responsável pela fiscalização dos planos de saúde na pandemia.