Após quedas de energia, Senado quer gerador de R$ 294 mil para residência oficial
Presidência da Casa culpa CEB por cortes de energia na região, mas gestão da rede elétrica da capital foi privatizada em março
atualizado
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O Senado Federal abrirá, no fim do mês, um pregão eletrônico destinado à compra de um gerador de energia elétrica para uso da Residência Oficial (RO). O imóvel localizado no Lago Sul, bairro nobre de Brasília (DF), atualmente é ocupado pelo senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG).
A aquisição está orçada em R$ 294.282,23 – valor que ainda prevê o pagamento de assistência técnica e manutenção do aparelho por, pelo menos, 60 meses. A abertura do certame atende a pedido da própria Presidência do Senado.
O pregão está marcado para ocorrer em 28 de outubro. A compra também visa, de acordo com a Casa, atender a outras “instalações críticas” do Complexo do Senado.
Para justificar a aquisição, a Presidência argumenta que o imóvel ocupado por Pacheco é um ambiente de despacho de trabalho do presidente, o que, segundo ela, configura uma extensão de seu gabinete.
O pedido também defende que a compra tem como objetivo principal “prevenir as interrupções de energia elétrica causadas por quedas da Companhia Energética de Brasília (CEB), o que causa transtornos para moradores e visitantes”.
“O custo de uma interrupção de agenda do presidente em eventual queda de energia na Residência Oficial pode causar prejuízos imensuráveis, em questões políticas e de interesse público”, defende o Senado Federal no edital do certame (veja mais abaixo).
A CEB não é responsável pela distribuição da energia elétrica no Distrito Federal desde o início deste ano, quando o serviço foi concedido à iniciativa privada. A operação foi assumida, em 2 de março, pela empresa Neoenergia.
De acordo com a empresa, o fornecimento de energia da região está adequado aos padrões de qualidade. “Adicionalmente, de março ao presente dia, já podemos observar uma redução de 46% na duração das interrupções e uma redução de 47% na frequência das interrupções. Isso significa dizer que está faltando menos energia na região e, quando falta, restabelecemos o fornecimento com mais rapidez”, disse, em nota.
“Importante destacar que a aquisição de geradores é um procedimento preventivo comum para clientes de grande porte e/ou que exercem atividades essenciais em todo o país”, continuou.
Procurada pelo Metrópoles para comentar a aquisição, a Presidência da Casa não respondeu até a publicação da reportagem. O espaço segue aberto para manifestações.
Reclamações cresceram
Com a irritação pelas quedas no fornecimento de energia, a Presidência do Senado se une agora aos demais moradores do DF que criticam a gestão das redes elétricas da capital federal. Conforme noticiado pelo Metrópoles, o número de reclamações de falta de energia elétrica aumentou após a privatização da CEB.
De março a setembro deste ano, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) recebeu 385 reclamações por falta de energia no Distrito Federal. No mesmo período de 2020, foram 275 – representando aumento de 40% nas reclamações.
No último mês, a Neoenergia apresentou um plano para o período chuvoso de 2021 e 2022, com ações que envolvem inspeção, manutenção, melhorias e instalação de tecnologias na rede elétrica na capital do país para reduzir o volume de interrupções ao cliente.
Apesar disso, com a volta da chuva neste período do ano, várias regiões do Distrito Federal têm registrado falta de energia elétrica.