Após procedimento na boca, Bolsonaro soluça ao fazer live
Presidente deixou que ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, falasse em boa parte de transmissão nas redes sociais
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) evitou falar muito durante parte de sua live semanal e chegou a encerrar a transmissão mais cedo devido a soluços. Mesmo quando falava, o chefe do Executivo federal apresentou dificuldades e cansaço, ao mesmo tempo em que precisou interromper suas falas.
Segundo Bolsonaro, no último sábado (3/7) ele foi submetido a um procedimento odontológico e tem apresentado soluços desde então.
“Peço desculpas, estou há uma semana com soluço. Talvez eu não consiga me expressar aqui adequadamente durante essa live”, disse o presidente, ao iniciar a transmissão ao vivo nas redes sociais.
Bolsonaro permitiu que o ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, que participou da transmissão, tomasse a frente das declarações.
O presidente chegou a encerrar a sessão de perguntas feitas pela Rádio Jovem Pan. Geralmente, os jornalistas fazem entre quatro e cinco perguntas. Nesta quinta, no entanto, Bolsonaro só permitiu duas.
CPI da Covid
Durante a live, Bolsonaro disse que não irá responder à carta enviada pela CPI da Covid-19, na qual a comissão pede para que o mandatário do país responda às acusações feitas pelo deputado Luis Miranda (DEM-DF).
“Não vou entrar em detalhes sobre essa CPI do Renan Calheiros e do Omar Aziz, que dispensa comentários, né? E eu não vou responder nada para esses caras. Não vou responder nada para esse tipo de gente, em hipótese alguma”, disse o presidente.
“Pergunto à CPI: você sabe qual a minha responsa, pessoal? Caguei. Caguei para a CPI. Não vou responder nada”, prosseguiu.
A entrega da carta foi feita pelo secretário da CPI, Leandro Cunha Bueno, na Coordenação de Documentação do Planalto, às 16h01 desta quinta (leia sobre o conteúdo da carta mais abaixo). O documento pede para que Bolsonaro se manifeste sobre as negociações de compra da vacina indiana Covaxin.
Em depoimento à CPI, o parlamentar e o irmão, Luis Ricardo Miranda, que coordena a área de importação de insumos no Ministério da Saúde, afirmaram que se reuniram com Bolsonaro para mostrar irregularidades na negociação da vacina.
O presidente Jair Bolsonaro confirmou o encontro, que ocorreu em 20 de março, no Palácio da Alvorada. A conversa durou 50 minutos. O mandatário do país, no entanto, negou que os irmãos apresentaram alguma denúncia.
Segundo o deputado Luis Miranda, na ocasião, Bolsonaro teria citado o nome do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), como possível envolvido no esquema. Barros nega envolvimento.
A carta
O documento entregue ao Planalto é assinado pelo presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), pelo vice-presidente da comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), e pelo relator do colegiado, Renan Calheiros (MDB-AL).
O documento pede uma manifestação sobre as acusações “em caráter de urgência”, diante das “imputações feitas a uma figura central desta administração”.
“Tomamos essa iniciativa de maneira formal, tendo em vista que no dia de hoje, após 13 (treze) dias, Vossa Excelência não emitiu qualquer manifestação afastando, de forma categórica, pontual e esclarecedora, as graves afirmações atribuídas à Vossa Excelência, que recaem sobre o líder de seu governo”, diz a carta.
A carta diz que caso Bolsonaro desminta as acusações, a CPI se compromete a solicitar esclarecimentos e provas de Luis Miranda.
“Diante do exposto, rogamos a Vossa Excelência que se posicione, de maneira clara, cristalina, republicana e institucional, inspirando-se no Salmo tantas vezes citado em suas declarações em jornadas pelo país: ‘Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará'”, continua o documento.