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Após perder eleição, Maia vira “comentarista” do governo Bolsonaro

Fora da presidência da Câmara, Rodrigo Maia faz oposição mais aberta ao governo e demonstra descrédito com o avanço da agenda liberal

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Rodrigo Maia
1 de 1 Rodrigo Maia - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Desde que seu candidato foi derrotado nas eleições para o comando da Câmara, no início do mês, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) tem intensificado os comentários contra o governo federal nas redes sociais.

Até agora, o democrata fez oito declarações contrárias ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) diante das recentes ações do Palácio do Planalto. Entre os temas que mais fizeram barulho nos últimos dias, estão a mudança no comando da Petrobras, as discussões em torno do relatório da PEC Emergencial e as propostas de privatização da Eletrobras e dos Correios.

Maia se tornou crítico ferrenho de Bolsonaro em razão de seu “discurso antipolítica”, de falas do presidente que considera agressivas contra o Parlamento, além da postura “negacionista” adotada pelo chefe do Executivo durante a pandemia do coronavírus. 

Durante seu último mandato como presidente da Câmara, Maia ficou conhecido pelas notas de repúdio que publicava rotineiramente em reação aos desmandos do presidente da República. Foi por meio dessas notas que Maia condenou, por exemplo, manifestações pró-Bolsonaro pedindo o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF) e intervenção militar.

Eleições para a presidência da Câmara

No episódio mais recente, nas eleições para escolher as novas mesas do Legislativo, o Planalto articulou a vitória de Lira antes mesmo do deputado lançar a sua candidatura. Além disso, Maia diz que foi traído pelo próprio partido, o Democratas. 

Bolsonaro declarou abertamente, por mais de uma vez, que apoiava o então candidato à presidência da Câmara Arthur Lira (PP-PL), o que fez com que aliados do governo no Congresso votassem a favor do deputado. O Planalto também negociou cargos e emendas com o Centrão para garantir a vitória de Lira.

Além disso, Maia e o atual presidente do DEM e ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, travaram um embate após a maioria da bancada do partido ter abandonado o então candidato do democrata, deputado Baleia Rossi (MDB-SP), para dar apoio ao escolhido por Bolsonaro. Na véspera da eleição, ACM Neto convocou uma reunião do DEM para discutir a neutralidade na eleição da Câmara e liberou os deputados para votarem como quisessem.

O DEM chegou a liderar o lançamento da candidatura de Baleia, mas após a adoção de “neutralidade” da sigla, o partido foi determinante para garantir a vitória de Lira, que garantiu 302 votos contra 145 de Baleia.

Apesar de alinhado à agenda econômica liberal do ministro Paulo Guedes, Maia foi se distanciando do governo ao longo de 2020. Depois de divergências públicas, Maia chegou a romper com o titular do Ministério da Economia. 

Críticas

De volta à planície da Câmara, Maia agora dá sinais mais claros de descrença em torno do avanço da pauta econômica. Ele descredibilizou o envio, nesta semana, de propostas de privatização dos Correios e da Eletrobras e questionou a viabilidade da PEC emergencial, proposta da qual era ferrenho defensor, mas que não encontra consenso entre parlamentares e governo.

Nesta semana, o relator da PEC Emergencial, senador Márcio Bittar (MDB-AC), apresentou o parecer da proposta. O texto acaba com os gastos obrigatórios em saúde e educação dos estados e municípios. O trecho, no entanto, enfrenta resistência entre parlamentares, e o senador já trabalha com a hipótese de excluir essa parte do texto.

Além disso, o documento também propõe que os gastos com o auxílio emergencial em 2021 fiquem fora da regra do teto de gastos, criada com o intuito de controlar a dívida pública e ajudar a compensar as altas despesas.

Na noite de quinta (25/2), o Senado adiou a leitura do relatório sobre a proposta. A etapa é necessária para que o texto avance na tramitação. A expectativa é que a PEC seja votada na próxima quarta-feira (3/3), mas tudo depende de acordo entre os líderes partidários para que a proposta avance.

Na chamada agenda de costumes, uma das bandeiras de Bolsonaro durante a campanha de 2018, Maia sempre mostrou desconfiança e, ao longo dos dois últimos anos, evitou pautar projetos dessa agenda, sob a justificativa de que ela divide o país.

Também no contexto da agenda de costumes, Maia é crítico de ministros da ala ideológica do governo, como Ricardo Salles (Meio Ambiente) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores). Na visão dele, os dois ministros arranham a imagem do Brasil no exterior e prejudicam as relações internacionais com parceiros-chave, como a China. 

Após a troca no comando da Petrobras, Bolsonaro anunciou que faria mais mudanças no governo.Será que ele [Bolsonaro] vai demitir os ministros Ernesto e Salles?!!!, reagiu Maia no Twitter.

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Rodrigo Maia, atual secretário de Projetos e Ações Estratégicas, deixará o cargo para se dedicar à campanha de Doria e a coordenar o PSDB no Rio de Janeiro.
Brasília (DF), 11/01/21. O então presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, em entrevista ao Metrópoles.
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Bolsonaro reage

No início do mês, o presidente Jair Bolsonaro voltou a atacar Maia ao comentar as declarações do democrata em entrevista ao jornal Valor Econômico. À reportagem, o deputado afirmou que o governo federal não tem projeto e age de forma antidemocrática. Em resposta, Bolsonaro o acusou de fazer “política barata”.

“Hoje, tem declarações na imprensa. Esse cara que saiu da Câmara agora diz que vai agora encarnar a verdadeira oposição ao meu governo. Ele não tem que ser oposição ao meu governo. Tem que ser favorável ao Brasil. Porque, quando se faz política barata, o povo sofre”, disse o presidente. 

Procurado, o Palácio do Planalto não se manifestou sobre as declarações do ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia. 

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