Após entrevista ao JN, senador do PT pede impeachment de Bolsonaro
Prates afirma que presidente cometeu crime de responsabilidade ao condicionar resultado das urnas a “eleições limpas e transparentes”
atualizado
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O líder da minoria no Senado Federal, Jean Paul Prates (PT-RN), protocolou, nesta sexta-feira (26/8), um novo pedido de impeachment do presidente Jair Bolsonaro (PL) na Câmara dos Deputados – a quem compete analisar e dar encaminhamento sobre os pedidos de destituição de chefes do Executivo federal.
Desta vez, o senador fundamentou a peça na entrevista do mandatário do país ao Jornal Nacional, da Rede Globo, na segunda (22/8).
Prates afirma que Bolsonaro cometeu crime de responsabilidade ao condicionar o respeito ao resultado das urnas à realização de “eleições limpas e transparentes“. Para o senador, o presidente voltou a colocar em dúvida o auditamento das urnas eletrônicas.
“Bolsonaro deu continuidade à sua rotina de cometimento de crimes de responsabilidade”, sustenta o parlamentar, que acusa o presidente de “utilizar-se da audiência para transmitir notícias falsas à população”. “Ele violou novamente o decoro compatível com o cargo de principal mandatário da nação”, completa.
Para o líder da minoria, as afirmações do chefe do Executivo “colocam em xeque o processo eleitoral que se avizinha”.
A entrevista
Bolsonaro abriu a série de entrevistas do noticioso da TV Globo com os candidatos ao Palácio do Planalto nas eleições deste ano. Ele foi entrevistado pelos âncoras William Bonner e Renata Vasconcellos no estúdio montado exclusivamente para as entrevistas dos presidenciáveis.
Na ocasião, o candidato à reeleição assumiu compromisso público de que serão respeitados os resultados das urnas, mas voltou a condicionar esse “respeito”: “Desde que [as eleições] sejam limpas e transparentes”.
“Teremos eleições”, disse o candidato à reeleição ao ser questionado no início da entrevista. O âncora William Bonner insistiu para que o presidente garantisse que ele vai respeitar o resultado das urnas. “Serão respeitados os resultados das urnas desde que as eleições sejam limpas e transparentes”. O presidente afirmou ainda que a “questão da transparência” será decidida também pelas Forças Armadas.
O tema dos ataques de Bolsonaro ao sistema eleitoral abriu a sabatina. Logo no início, Bolsonaro foi perguntado acerca dos embates com o Judiciário e sobre ter xingado ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), como Alexandre de Moraes. Ele chegou a negar, mas foi lembrado por Bonner que chamou o magistrado de “canalha”.
O presidente disse então que foi perseguido por Alexandre de Moraes, e que foi preciso ele “provocar algo” para que o país tenha “eleições livres”.