Após deixar Novo, João Amôedo vê futuro “nebuloso” do partido
João Amôedo anunciou a desfiliação do partido nesta sexta-feira. Empresário se diz triste com decisão, mas faz balanço positivo
atualizado
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O empresário João Amôedo anunciou, nesta sexta-feira (25/11), ter se desfiliado do Novo, partido que ajudou a fundar há mais de 10 anos.
Em conversa com o Metrópoles, Amôedo afirma ter se sentido triste com a decisão, mas nega avaliar a situação como um fracasso.
“Fico triste, claro, mas faço um balanço positivo. Primeiro por termos montado um partido político sem sermos figuras públicas, coisa que Bolsonaro não conseguiu. Segundo, por ter colocado o partido para atuar com sucesso nos dois primeiros pleitos”, afirma Amôedo.
Agora, o empresário prevê um futuro “nebuloso” para o Novo.
“Se continuar nesse caminho, com uma gestão sem competência, diria que o partido tem um futuro incerto, um futuro nebuloso”, diz ele.
“O partido vai passar a ser apenas uma legenda. Deixa de ser uma instituição que tinha um objetivo, de transformar a cultura, de ter os diferenciais, para se transformar apenas em uma legenda onde as pessoas se candidatam. Assim não vejo como deixar de ser apenas um nanico”, acrescenta o empresário.
Lula
A filiação de Amoêdo estava suspensa pelo Novo desde o último dia 27/10, após o empresário declarar voto em Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno deste ano.
Inicialmente, o partido havia informado que os filiados poderiam apoiar qualquer candidato no segundo turno presidencial.
Mas não foi só isso o que motivou a decisão de Amôedo de se desfiliar do partido. Na terça-feira (21/11), o deputado federal Marcel van Hattem (Novo-RS) protocolou na Câmara dos Deputados um pedido para abertura de uma CPI para investigar supostos abusos de poder cometidos por ministros do STF e do TSE.
“A CPI tem um objetivo claro, que é elevar o ânimo dos manifestantes bolsonaristas. Não é razoável estar em um partido desse”, explica Amôedo.
Incerteza
Agora sem partido, Amôedo diz que ainda não decidiu se pretende se filiar a outra sigla.
“Infelizmente, na grande maioria dos partidos, se tem uma dificuldade de entender qual a identidade desse partido. E esse é o problema, ter que se prender à agenda do mandatário, que é o que está acontecendo com o Novo agora”, afirma.
“A única coisa que quero é continuar a trabalhar pelo Brasil, e a forma mais eficaz de fazer isso é na gestão pública”, finaliza Amôedo.
“Partido sem dono”
Em nota, o Novo ressalta que respeita a trajetória de Amoêdo, respeita sua participação na história da sigla, mas “lamenta profundamente tais declarações graves e infundadas”. “Infelizmente, por atitudes e palavras como essas, ele se afastou cada vez mais dos princípios, das ideias e das pessoas do partido”, reforça a nota. “O Novo é um partido político democrático e sem dono”.