Após crise com Auxílio Brasil, Guedes cancela ida a São Paulo
Guedes participaria de dois eventos. Ministro da Economia tem sofrido pressões da ala política para liberar pagamentos de R$ 400
atualizado
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Os embates internos por causa do valor a ser pago pelo Auxílio Brasil – programa criado pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para substituir o Bolsa Família – ainda repercutem nos bastidores do governo.
Após pressões e entreveros entre a equipe econômica e a ala política, o ministro da Economia, Paulo Guedes, cancelou ida a São Paulo nesta quarta-feira (20/10), onde participaria presencialmente de dois eventos públicos.
As informações foram confirmadas no início da tarde pela assessoria de imprensa do Ministério da Economia. Agora, Guedes fica em Brasília e cumpre despachos internos da pasta.
Uma possível reunião com o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), chegou a ser ventilada, mas a assessoria do ministro negou.
Guedes tem sido “forçado” a pagar R$ 400 de auxílio a famílias mais pobres. Porém, parte do orçamento para o benefício social fica fora do teto de gastos. O ministro é contra.
O governo quer aproveitar o orçamento do Bolsa Família deste ano para custear os R$ 400 por beneficiário. E prevê o pagamento da seguinte forma:
- Os beneficiários receberão R$ 300, que sairão da verba do Bolsa Família para 2021 (R$ 34,7 bilhões).
- Os outros R$ 100 virão de um “orçamento temporário”, que terá o montante de R$ 40 bilhões.
Parte desse “orçamento temporário” ficará fora do teto de gastos públicos. A manobra evita que o governo seja acusado de desrespeitar a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Além da ajuda social, os pagamentos representam uma possibilidade de ampliar o apoio a Bolsonaro, que pode concorrer à reeleição em 2022. O presidente espera que a alta de R$ 189 (valor médio atual do Bolsa Família) para R$ 400 resulte em mais votos no ano que vem.
Para a equipe de Guedes, o custeio do Auxílio Brasil deve vir da aprovação do projeto de reforma do Imposto de Renda, que prevê a taxação de dividendos. No entanto, o relator da proposta no Senado, Angelo Coronel (PSD-BA), afirma que vai retirar a tributação do texto.
Nesta quarta-feira, Bolsonaro confirmou o pagamento de R$ 400 e afirmou que “ninguém vai furar o teto”.