Após contradição de depoente, Aziz dispara: “Aqui não tem bestinha não”
Presidente da CPI da Covid se mostrou irritado com inconsistências no depoimento de diretor da Fib Bank
atualizado
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O presidente da CPI da Covid-19, senador Omar Aziz (PSD-AM), criticou a postura do presidente da Fib Bank, Roberto Pereira Ramos Junior, em depoimento ao colegiado, nesta quarta-feira (25/8). O senador insinuou que o depoente teria tentado “ludibriar” os senadores que integram a comissão.
Ramos é diretor da empresa usada pela Precisa Medicamentos, intermediadora da venda da vacina indiana Covaxin, para oferecer uma “carta de fiança” ao Ministério da Saúde. Durante a oitiva, o representante não conseguiu explicar a origem do capital social da companhia, orçado em R$ 7,5 bilhões.
Segundo o presidente da Fib Bank, o montante está integralizado em um imóvel em São Paulo e outro no Paraná. Ele disse que “a estrutura é pequena”. Ramos destacou que a Fib Bank não é um banco, tampouco uma seguradora, mas uma sociedade anônima que presta garantias fidejussórias.
A informação irritou o colegiado, incluindo o presidente da comissão. “Não dá para ludibriar. Aqui não tem bestinha não, não tem um bestinha aqui”, disparou.
“Quero lhe pedir encarecidamente, e até para que os senadores não fiquem pedindo que eu tome uma medida mais drástica aqui, que o senhor colabore com a CPI”, disse Aziz, referindo-se ao pedido de prisão do depoente sugerido pelo relator Renan Calheiros (MDB-AL).
Antes, o senador ironizou o depoimento de Ramos. Ao ouvir o depoente dizer que a estrutura da empresa era “pequena” com capital social de R$ 7,5 bilhões, o presidente da CPI se mostrou abismado. “Só falta ele ter pedido um Pronampe”, brincou Jorginho Mello (PP-SC).
O governista destacou que uma microempresa possui capital social de até R$ 360 mil, uma média, de R$ 4,8 milhões e uma grande, acima disso. “O que é uma empresa com capital social de R$ 7,5 bilhões?”, pergunta Aziz a Jorginho Mello. “Isso vende a cura para qualquer doença”, ironizou.
A convocação de Ramos decorre de indícios de atuação irregular da empresa no processo de venda da vacina indiana. Segundo informações levantadas pelo colegiado, a Fib Bank — que, apesar do nome, não é um banco — ofereceu no contrato entre a Precisa e o governo federal a garantia de R$ 1,61 bilhão para a aquisição de 20 milhões de doses do imunizante ofertado e produzido pela Bharat Biotech.