Após Bolsonaro mudar discurso, prefeitos criticam gestão contra Covid
Em carta, chefes dos executivos municipais afirmam que reação do presidente está atrasada e não condiz com a realidade do país
atualizado
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A Frente Nacional dos Prefeitos (FNP) reagiu às recentes declarações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre o enfrentamento da Covid-19. Após recorde de três mil mortes em 24 horas, registrado nessa terça-feira (23/2), Bolsonaro fez um pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão e se reuniu com chefes dos Legislativo, Judiciário, ministros e governadores. Prefeitos ou representantes municipais não foram convidados.
“A declaração do presidente está muito atrasada. Faria algum sentido há seis ou oito meses. Agora, se apresenta como um discurso vazio e não expressa confiança. Mas, de sua fala, com muitos pontos que distorcem os fatos e posições do governo federal durante a pandemia, o que mais se destaca são os silêncios”, destaca trecho da carta aberta.
Bolsonaro anunciou nesta quarta-feira (24/3) a criação de um comitê para acompanhar a situação da pandemia no país e discutir ações nacionais contra a doença. Governadores pediram regras de isolamento social válidas para todas as unidades da Federação. Contudo, o presidente voltou a defender tratamento precoce, o que não tem eficácia comprovada.
“O presidente deixou de falar de assuntos importantes e inescapáveis como lockdown, isolamento, escassez de medicamentos e de oxigênio. Além disso, as erráticas decisões sobre aquisições e a enorme descredibilidade de
seus repetidos argumentos contrários às vacinas agravam o cenário”, reclamam os prefeitos.
“O cenário brasileiro atual não condiz com o que descreve o presidente. É importante ressaltar que as novas cepas não são as causas do descontrole no país. O descontrole é que acelera o surgimento de variantes do vírus. De cada dez brasileiros imunizados, nove são com vacinas que ele não só menosprezou, como rechaçou”, concluem.
Situação do Brasil
O Brasil tem mais de 12,1 milhões de casos confirmados do novo coronavírus e 298 mil óbitos em decorrência da doença. Na corrida contra a Covid, o Ministério da Saúde já aplicou 15,2 milhões de doses da vacina (entre primeira e segunda doses).
Na terça-feira (23), Bolsonaro fez um pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão defendendo a vacinação em massa. A população reagiu com panelaços. Na prática, é uma mudança de discurso, já que ele se manifestou contra a imunização inúmeras vezes.