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Após bate-boca, CPI da Covid volta a ouvir Fabio Wajngarten

Depoimento foi interrompido no momento em que Flávio Bolsonaro chamou Renan Calheiros de “vagabundo” e o emedebista revidou

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Fabio Wajngarten
1 de 1 Fabio Wajngarten - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Suspensa após troca de ofensas e acusações entre os senadores Flávio Bolsonaro e Renan Calheiros (MDB-AL), a CPI da Covid retomou na noite desta quarta-feira (12/5) a oitiva do ex-secretário de Comunicação da Presidência Fabio Wajngarten.

O depoimento foi interrompido no momento em que o filho do presidente Jair Bolsonaro chamou o relator da CPI de “vagabundo” e o emedebista revidou: “Vagabundo é o senhor, que roubou dinheiro do pessoal do seu gabinete”, numa referência ao suposto esquema das rachadinhas.

Acompanhe:

O clima começou a ficar tenso na CPI após Renan Calheiros pedir a prisão de Wajngarten, alegando que ele estava mentindo à comissão.

Para Renan Calheiros, os motivos para a prisão do ex-secretário são claros. “Vossa excelência mentiu por causa dos áudios, mentiu pela entrevista que deu, mentiu. Isso cabe ao presidente. É a primeira vez que alguém vem a uma CPI e mente”, disse Renan. “Diante do flagrante evidente, vou pedir a prisão de vossa senhoria. O espetáculo de mentira que vimos aqui não pode se repetir”, acrescentou.

O presidente do colegiado, Omar Aziz (PSD-AM), negou a solicitação.

Fabio foi convocado após revelar, em entrevista à revista Veja, que o governo federal, em especial o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, falhou na aquisição de vacinas contra a Covid-19, sobretudo na compra de doses da Pfizer, que havia contatado o governo brasileiro em agosto de 2020.

Aziz disse que se dependesse dele não iria prender Wajngarten. “Não serei carcereiro”, afirmou. “A gente não pode tornar o país pior do que já está. Eu não tomarei essa decisão. Tenho tomado decisões equilibradas até o momento. Daí a ser carcereiro de alguém, não. Sou democrata. Se ele mentiu, podemos fazer um relatório e ele ser indiciado. Eu não farei isso”, completou Aziz.

“Vocês [senadores] não vão diminuir a CPI. Não é porque uma pessoa vem aqui e se contradiz, que vamos acabar com a CPI”, concluiu.

Wajngarten prestou depoimento desde a manhã na CPI da Covid, nesta quarta-feira (12/5). Às 17h10, os trabalhos da CPI foram suspensos para que os parlamentares participassem da sessão do Senado.

Horas antes, o próprio senador Renan Calheiros já havia feito uma ameaça de que solicitaria a prisão. Segundo o relator, Wajngarten também teria mentido à CPI da Covid ao dizer que não tinha conhecimento da existência de um “ministério paralelo”.

“Vossa senhoria é a prova da existência dessa consultoria [paralela] porque iniciou essa negociação, dizendo-se em nome do presidente. É a prova. Vossa excelência é a primeira pessoa que incrimina o presidente da República”, declarou Renan, acrescentando que vai requisitar os áudios à revista.

“Se ele não mentiu, a revista [Veja] vai ter que pedir desculpas. Se ele mentiu, terá desprestigiado e mentido ao Congresso Nacional, o que é um péssimo exemplo. Vou requerer, na forma da legislação processual, a prisão do depoente”, afirmou

O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) também cobrou a prisão de Fabio Wajngarten por, segundo ele, mentir à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid.

Alessandro Vieira pressionou Wajngarten sobre suas declarações à revista Veja, em que culpa o governo federal pelo fracasso na aquisição de doses da Pfizer. “É melhor mentir à Veja do que à CPI, aqui dá cadeia”, disparou o senador.

Irritado com as respostas pouco objetivas de Wajngarten, Alessandro pediu ao presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), que avaliasse a prisão em flagrante do ex-secretário.

“Não há nisso nenhuma ameaça. Reforço que cabe à vossa excelência decidir se não é caso de prisão em flagrante por ter mentido à CPI. Impressionante a disponibilidade de vir até aqui com essa desfaçatez”, disse Alessandro Vieira ao presidente do colegiado.

 

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Opositores pedem quebra de sigilo de Pazuello e Wajngarten
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Fabio Wajngarten chega ao Senado para depor na CPI

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Fabio Wajngarten na CPI da Covid

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O senador governista Marcos Rogério (DEM-RO) reagiu. “Isso é abuso de autoridade. Não cabe prisão que não seja em flagrante”, disse.

O vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), sugeriu que o colegiado pode realizar a quebra de sigilo fiscal e bancário de uma empresa de Fabio, para identificar se há vínculo entre o empreendimento privado do ex-secretário com o governo federal.

“A decisão da CPI é soberana, eu acolherei toda e qualquer determinação da CPI. Eu não temo nada, não tenho nada a a esconder”, enfatizou Wajngarten.

Convocação

Fabio foi convocado após revelar, em entrevista à revista Veja, que o governo federal, em especial o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, falhou na aquisição de vacinas contra a Covid-19, sobretudo na compra de doses da Pfizer, que havia contatado o governo brasileiro em agosto de 2020.

Segundo o ex-secretário, houve “mau assessoramento” de Bolsonaro na condução da pandemia do novo coronavírus no Brasil.

O ex-secretário relatou ter se reunido com diretores da Pfizer para discutir cláusulas e, assim, conseguiu reduzir preços e obter compromissos de antecipação da entrega de lotes do imunizante, mas o acordo não prosperou. Os detalhes das tratativas serão parte importante da oitiva de Wajngarten na CPI.

O que for falado por Wajngarten aos senadores nesta quarta poderá ser usado para pressionar, ainda mais, Pazuello em seu depoimento ao colegiado, marcado para 19 de maio.

Depoimentos

Wajngarten é o quinto a depor. Antes dele, os senadores ouviram o presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, e os ex-ministros Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, além do atual chefe da Saúde, Marcelo Queiroga.

O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello só será ouvido em 19 de maio, pois alegou ter tido contato com duas pessoas infectadas pelo novo coronavírus e cumpre quarentena.

A CPI da Covid-19 tem o objetivo de investigar as ações e omissões do governo federal no enfrentamento à pandemia e, em especial, no agravamento da crise sanitária no Amazonas com a ausência de oxigênio, além de apurar possíveis irregularidades em repasses federais a estados e municípios.

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