Apoio do Congresso é importante para aprovação do ajuste fiscal, diz Meirelles
O ex-presidente do Banco Central também afirmou que uma menor taxa de juros ajudaria no financiamento de empresas, investimentos, consumo e dívida pública
atualizado
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O ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles afirmou na manhã desta sexta-feira (13/11), que o apoio do Congresso é importante para a aprovação das medidas de ajuste fiscal, até porque algumas delas exigem mudanças nas leis, apesar de haver alguma margem de manobra por parte do Executivo. “É importante discutir com a sociedade e o Congresso a finalidade última dos ajustes”, afirmou durante evento em São Paulo, promovido pelo Instituto Millenium.
Ele não entrou em detalhes sobre a relação do governo com os parlamentares, mas mencionou o projeto que poderia estabelecer um limite para a dívida pública. Segundo ele, isso teria implicações importantes, como uma possível limitação de benefícios sociais.
Meirelles, disse, também, que todos concordam que uma taxa de juros menor seria melhor. “Algumas pessoas criticam os juros altos como se fosse uma questão de vontade do BC, de preferência Está cada vez mais claro que os juros altos se dão por causa da dívida pública”, comentou.
Segundo Meirelles, os juros mais baixos ajudam no financiamento de empresas, investimentos, consumo e também da dívida pública. “Não é esse o ponto. A finalidade dos juros é promover a estabilidade financeira e controlar as expectativas de inflação. Com a inflação na meta, há uma queda dos prêmios de risco e a taxa de juro real pode cair”.
Ele reforçou que baixar a taxa de juros não é uma atitude voluntarista do governo. “A experiência mostra que evidentemente o caminho não é esse. O juro cai no momento em que se adota as medidas corretas, com a inflação convergindo e ficando em torno da meta. E com a dívida menor”, afirmou.
Questionado sobre a questão cambial, ele lembrou que se reuniu recentemente com industriais exportadoras e, depois, com um grupo de empresários que importa insumos. “O nível ideal do dólar depende com que você falar no País”. Ele comentou sobre uma conversa com um colega, na qual eles discutiram que intervenções no câmbio geralmente não terminam de maneira bem-sucedida.
CPMF
Henrique Meirelles não quis dar sua opinião sobre a necessidade de retomada da CPMF para que o governo consiga fechar as contas em 2016. Questionado sobre o assunto, ele disse que não está “sentado lá para saber quais são as alternativas viáveis”.
“Governar é eleger prioridades, e hoje a prioridade é reverter a trajetória da dívida pública, mostrando a sustentabilidade no curto prazo. Não estou sentado lá para saber as alternativas viáveis de curto prazo para pelo menos começar o processo de inflexão da evolução dívida, então não vou entrar na discussão se esse imposto é melhor que aquele outro”, comentou.
Segundo ele, partindo do pressuposto de que quem está no governo está tomando as melhores decisões possíveis, é preciso levar em conta que para o País crescer de forma sustentável será necessário estabilizar e, idealmente, diminuir a carga tributária no futuro. “Precisamos de uma reforma tributária, com racionalização da estrutura, mais objetiva e com menos dispêndios para as empresas pagarem seus impostos. Devemos criar cada vez mais impostos que levem a uma maior produtividade, ou decresçam menos a produtividade”, afirmou.Levy
Meirelles afirmou que seria deselegância sua comentar sobre os rumores de que poderia assumir o Ministério da Fazenda, ou mesmo o que faria se estivesse no cargo. “Seria deselegância da minha parte ficar comentando rumores sobre ocupar um cargo hoje ocupado por um profissional sério, amigo nosso (o ministro Joaquim Levy)”, afirmou a ser questionado sobre o assunto.
Petrobras
Ao ser perguntado sobre se privatizaria a Petrobras, Meirelles afirmou que “o mais importante é assegurar a qualidade de gestão” da estatal. “Os sócios, em última análise, são pessoas físicas, como quem investe na bolsa, e quem paga imposto”, disse durante o evento promovido pelo Instituto Millenium.
Fraga
Também presente no evento, o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga afirmou ser “óbvio” que está esgotado o modelo que o governo da presidente Dilma Rousseff adotou para o setor elétrico do País. “Não sei se isso é mantido por questões ideológicas, políticas. Não sei se isso tem cura”, disse.
Fraga, porém, defendeu as ações do ministro Joaquim Levy na condução da política econômica. Perguntado o que repetiria no comando da Fazenda, caso Aécio Neves (PSDB) tivesse vencido as eleições de 2014, ele comentou: “Praticamente tudo”, ressaltando que é amigo de Levy. Fraga fez uma critica direta à presidente Dilma. “É muito difícil para o Joaquim trabalhar quando boa parte dos problemas foram criados pela chefe dele.”