Ao telefone, Lula e Macron citam risco da extrema direita à democracia
Nas redes sociais, presidente francês, Emmanuel Macron, ressaltou seu apoio ao Brasil após os atos golpistas de 8 de janeiro
atualizado
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conversou por telefone, no início da tarde desta quinta-feira (26/1), com o presidente da França, Emmanuel Macron.
Segundo nota divulgada pelo Palácio do Planalto (leia a íntegra mais abaixo), os dois chefes de Estado trataram sobre “os riscos que pairam sobre a democracia em virtude das ações violentas de grupos de extrema direita”.
O documento não cita, diretamente, os atos golpistas de 8 de janeiro, quando golpistas bolsonaristas invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília. Nas redes sociais, Macron disse ter reiterado apoio ao Brasil após os ataques golpistas à democracia brasileira.
Veja o tuíte de Lula:
Uma excelente conversa por telefone com o amigo @EmmanuelMacron. Fiz um convite para vir ao Brasil, para aprofundarmos nosso trabalho conjunto contra as mudanças climáticas, no combate à fome e pela defesa do meio ambiente. https://t.co/h2h6ZY8XLB
— Lula (@LulaOficial) January 26, 2023
De acordo com o governo brasileiro, os dois presidentes ressaltaram a importância de se combater a desinformação como forma de defender um sistema democrático.
Convite para vir ao Brasil e meio ambiente
Durante o telefonema, que durou pouco mais de uma hora, o petista convidou o francês para visitar o estaleiro em Itaguaí, no Rio de Janeiro, em que são construídos os submarinos convencionais e o submarino a propulsão nuclear fruto da cooperação bilateral. Até a última atualização desta reportagem, o Palácio do Planalto não havia informado uma data sobre a vinda do chefe de Estado ao Brasil.
Já Macron convidou o Brasil a participar do “One Forest Summit”, evento de iniciativa do governo francês para enfrentar os desafios relacionados à mudança climática. A cúpula deve ocorrer no início de março. O governo brasileiro ainda não confirmou presença.
Os dois presidentes também trataram “sobre esforços para combater a grande ameaça representada pela mudança do clima” e “concordaram sobre a importância da readequação da arquitetura financeira internacional como instrumento de financiamento da transição climática e de combate à fome e à desigualdade”.
Em relação à preservação da região Amazônica, Lula comentou sobre a realização da Cúpula dos Países Amazônicos, que deve ser organizada pelo Brasil nos próximos meses, e falou da importância de “contar com a presença da França, único país europeu a compartilhar desse bioma, por meio da Guiana Francesa”.
Leia a íntegra da nota:
“O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, recebeu hoje (26), às 12h de Brasília (DF), telefonema do seu homólogo francês, Emmanuel Macron. Durante mais de uma hora de conversa, abordaram a Parceria Estratégica bilateral e temas regionais e aspectos da governança global.
Ambos concordaram sobre os riscos que pairam sobre a democracia em virtude das ações violentas de grupos de extrema-direita. Nesse contexto, discutiram a importância de se combater a desinformação.
Lula convidou Macron para que visite o Brasil e conheça o estaleiro em Itaguaí (RJ), em que são construídos os submarinos convencionais e o submarino a propulsão nuclear fruto da cooperação bilateral.
Os presidentes discorreram sobre esforços para combater a grande ameaça representada pela mudança do clima. O presidente Lula expôs ao presidente francês os objetivos da Cúpula dos Países Amazônicos que organizará nos próximos meses. Comentou, a propósito, a importância de contar com a presença da França, único país europeu a compartilhar desse bioma, por meio da Guiana Francesa. O presidente Macron reiterou convite para que o Brasil participe do ‘One Forest Summit’, que França e Gabão sediarão em Libreville no início de março próximo.
Ao tratar de temas da governança global, concordaram sobre a importância da readequação da arquitetura financeira internacional como instrumento de financiamento da transição climática e de combate à fome e à desigualdade. Foi lembrado que Índia e Brasil, que ocupam a presidência do G-20 neste ano e no próximo, terão papel central nesse debate.
O presidente Lula indicou que vem tratando com os demais sócios do Mercosul a necessidade de concluir as negociações do acordo Mercosul-União Europeia, tema discutido com o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, em reunião realizada em Buenos Aires à margem da Celac.
A urgência em se buscar a paz entre Rússia e Ucrânia mereceu ampla troca de opiniões entre os dois mandatários. O presidente Lula ressaltou a necessidade de maior engajamento dos líderes globais com esse objetivo, no âmbito da ONU e de um “G20 político’.”