Ao lado de Mandetta, Onyx prega apoio “incondicional” a Bolsonaro
Ministro da Cidadania aproveitou coletiva para criticar medidas rigorosas de isolamento que “estão matando a economia”
atualizado
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O ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, aproveitou a entrevista coletiva no Palácio do Planalto na tarde desta terça-feira (14/04) para fazer um longo discurso em defesa do que chamou de “equilíbrio” entre a preservação de vidas e a “luta para evitar a miséria, a fome, o desemprego”. Onyx dizia falar “em nome pessoal” contra medidas tomadas por prefeitos e governadores para combater o coronavírus que estariam “matando” a economia do país. O ex-ministro da Casa Civil afirmou que estava se colocando “incondicionalmente” ao lado do presidente Jair Bolsonaro.
Enquanto Onyx falava, no lado esquerdo do ministro da Casa Civil, Braga Netto, do lado direito do general estava o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta – olhando fixamente para frente, com os braços cruzados e apoiados na mesa. Ele ouvia o colega de DEM basicamente repetindo em público, mas sem citar nomes, o que falara em conversa telefônica com o também gaúcho Osmar Terra (MDB-RS) entreouvida por um jornalista da CNN na quinta-feira passada (09/04).
Na conversa flagrada, ambos falavam da necessidade de demissão do ministro da Saúde, reclamavam da falta de alinhamento de Mandetta com Bolsonaro e defendiam a necessidade de mudar a política nacional de quarentena contra o coronavírus. “Ele não tem compromisso com nada que o Bolsonaro está fazendo”, teria dito Onyx. Ao que Terra teria respondido: “E ele se acha”.
“Uma coisa como o discurso da quarentena permite tudo. Se eu tivesse na cadeira… O que aconteceu na reunião eu não teria segurado, eu teria cortado a cabeça dele…”, afirmou Onyx, que também acrescentou que não fala com Mandetta há dois meses. A menção de Onyx, ex-ministro da Casa Civil e hoje substituto de Terra na Cidadania, se referia à reunião de todo o ministério com Bolsonaro na segunda-feira (06/04), quando Mandetta passou o dia no cai não cai – e acabou mantido.
Na coletiva desta terça, Onyx foi categórico ao se dizer compromissado com tudo o que o chefe tem proposto, como o afrouxamento das medidas de distanciamento social para evitar que a crise econômica se aprofunde.
Depois do discurso eminentemente político, feito sem olhar para o colega da Saúde, Onyx passou a falar dos números do pagamento de auxílio emergencial de R$ 600, aprovado pelo Congresso Nacional, a trabalhadores autônomos e informais, que chegariam, no fim desta semana, a mais 11 milhões de pessoas.
Logo após Onyx, foi a vez de Mandetta. E o ministro da Saúde logo passou a falar de medidas técnicas usadas para enfrentar a propagação do vírus. E insistir na tecla: “Estamos todos buscando a ciência, porque o vírus é novo, está ainda se apresentando”. “O nosso inimigo é o corona”, repetiu.
Questionado, assim que as perguntas foram abertas para jornalistas, se estava de alguma forma forçando a própria demissão ao ter dado uma entrevista ao Fantástico, da TV Globo, no domingo (12/04), pedindo que o governo tivesse uma “fala única” sobre o enfrentamento à pandemia, Mandetta limitou-se a dizer que “não via assim”. Para ele, tudo é apenas “uma questão de falha de comunicação”. “Continuamos trabalhando”, minimizou.