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Análise: Weintraub só queria fazer balbúrdia nas universidades

Ao desbloquear total de verbas para a educação, ministro demonstrou que discurso de abril era apenas pirraça contra comunidade acadêmica

atualizado

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Luciano Freire/MEC
Weintraub
1 de 1 Weintraub - Foto: Luciano Freire/MEC

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, trabalhou com uma hipótese errada nos primeiros meses de sua gestão. Em abril deste ano, pouco depois de assumir o cargo, ele afirmou que cortaria recursos de universidades que promovessem “balbúrdia”. Referiu-se genericamente a “sem-terra” e “gente pelada”.

Nesta sexta-feira,(18/10/2019), em entrevista coletiva, Weintraub anunciou a liberação de R$1,1 bilhão para universidades e institutos federais. Com isso, o governo descongelou toda a verba prevista para o setor em 2019. 

Se os recursos foram desbloqueados na totalidade, deve-se concluir que a tal balbúrdia não foi comprovada. Logo, a hipótese estava equivocada. Ou, então, o ministro mudou de opinião e passou a aceitar as práticas que antes condenara. 

Como o titular da educação não fez qualquer ressalva nesse sentido, pode-se entender que as declarações de abril não guardavam relação com o mundo real. Weintraub, na verdade, inventou essa situação porque tentava jogar a população contra as universidades.

Desde que tomou posse, o ministro se notabilizou mais pelo comportamento imaturo do que por possuir conhecimentos adequados para a função. Dado a provocações, tomou atitudes, por exemplo,  como gravar um vídeo em que dançava na chuva para reclamar de supostas fake news.   

Mais graves, porém, foram os erros cometidos por Weintraub no trato com a língua portuguesa. Nesse sentido, quem preza pelo idioma chocou-se ao ler  – duas vezes – a palavra paralisação escrita com “z” no lugar do “s”. Isso aconteceu em um ofício endereçado ao ministro da Economia, Paulo Guedes.

Em outros momentos, o homem responsável pela educação brasileira demonstrou pouca intimidade com sinais como crase e hífen. São falhas comuns para quem não lida diariamente com a língua portuguesa, mas inadmissíveis para quem exerce sua função.

Um episódio, em particular, marcou as aparições públicas de Weintraub. Em depoimento no Senado, ele usou a palavra “Kafta” no lugar do sobrenome de Franz Kafka, escritor nascido no século XIX na atual República Tcheca. “Kafta”, como se sabe, é o nome de um famoso prato árabe.

Embora tenham motivado uma série de piadas nas redes sociais, as gafes e erros expõem a falta de preparo do homem escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) para comandar a pasta da Educação. Mais que isso, chamam a atenção da população para as tristes perspectivas do ensino no país.

A atuação desastrada do ministro contribuiu para motivar a maior manifestação de rua feita contra o governo Bolsonaro. No dia 30 de maio, ruas e praças do país foram tomadas por protestos, principalmente, contra os cortes nas verbas do setor. A política de confronto com as universidades, como se viu, produziu uma trincheira para a oposição.

Por fim, ao liberar as verbas antes negadas, Weintraub deixa claro que fazia pirraça com as universidades. Em vez de agir com equilíbrio para melhorar a educação, preferiu conturbar o ambiente com declarações e gestos estapafúrdios. Na verdade, literalmente, o ministro fez balbúrdia.

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