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Análise: vale a pena ouvir o que Bebianno tem a dizer sobre Bolsonaro

Ex-secretário avalia que presidente se cerca de um entourage “inculto” e “agressivo” de “puxa-sacos” que não avisam “o rei está quase nu”

atualizado

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Valter Campanato/Agência Brasil
Bebi
1 de 1 Bebi - Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O ex-secretário-geral da Presidência da República, Gustavo Bebianno, tem opiniões sólidas a respeito do governo. Em entrevista ao site BBC Brasil, o advogado carioca fez um diagnóstico grave, ácido e detalhado sobre o presidente Jair Bolsonaro (PSL), com destaque para a relação com os filhos e com os auxiliares mais próximos.

Pelo conhecimento que tem dos bastidores da campanha e da formação do governo, vale a pena prestar atenção nas palavras de Bebianno. Para os brasileiros que se assustam com o destempero de Bolsonaro, o ex-secretário-geral fornece elementos que ajudam a entender as atitudes desagregadoras e de efeitos imprevisíveis para o país.

Na opinião do advogado, o capitão se cerca de um entourage “inculto” e “agressivo”, com um “nível muito aquém” do que precisa uma pessoa que ocupa o mais alto cargo do país. Essa opção, avalia, explica atitudes indevidas do presidente, como a indicação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para a Embaixada do Brasil em Washington.

“O que eu observo é isso, várias pessoas, puxa-sacos, que não fizeram nada ou fizeram muito pouco ao longo da campanha, tomaram conta ali e hoje o presidente é cercado por essas pessoas”, diz o advogado. Em decorrência desse perfil de assessores, acrescenta, “o rei não tem quem lhe avise que ele está quase nu”.

Sobre Eduardo, Bebianno considera que Bolsonaro se mostrou um “cara de pau” com essa decisão e traça um perfil preocupante para uma pessoa que tem a pretensão de ocupar uma das principais representações do Brasil no exterior. “O Eduardo, coitado, ele não tem a menor condição. Ele sequer sabe o papel de um embaixador. Ele não tem ideia. (…) não tem noções básicas de negociação, é um garoto, um menino, um surfista”, define.  

Em relação ao outro filho, Carlos, vereador no Rio de Janeiro pelo PSC, o ex-secretário-geral reconhece a dificuldade de relacionamento entre os dois, causa de sua queda do governo. Para o advogado, o “Zero Dois” “tem ideias totalmente equivocadas”, “não tem raciocínio com início, meio e fim”, “tem uma certa dificuldade cognitiva”.

Na entrevista à BBC, Bebianno também comenta a situação do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro. “Caiu numa armadilha do destino. Eu no lugar dele teria um enorme arrependimento de ter abandonado a minha carreira de magistrado”, afirma. “Agora, ele tem três caminhos: ou vai ser indicado para o Supremo, que era uma coisa dada como certa que já não é mais, ou ele se lança na política, ou ele vai viver de dar palestras”, prevê o ex-secretário-geral.

Coordenador da campanha de Bolsonaro em 2018, o advogado avalia a possibilidade de concorrer à prefeitura do Rio de Janeiro em 2020. Pelo tom da entrevista, seja ou não candidato, Bebianno se manterá como uma voz incômoda para o presidente.

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