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Análise: sem Santos Cruz, Bolsonaro opta por “bobagens” e “baixarias”

Presidente diz que o general é “página virada”, nega ter sido avisado de “bobagens” no governo e reforça poder de olavistas sobre a equipe

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Bolsonaro lança campanha pela reforma da previdencia
1 de 1 Bolsonaro lança campanha pela reforma da previdencia - Foto: Foto: Andre Borges/Esp. Metrópoles

Enquanto esteve no governo, o general Carlos Alberto dos Santos Cruz tornou-se alvo da ala ligada ao escritor Olavo de Carvalho. Depois de sucessivos confrontos com o grupo mais ideológico em torno do presidente Jair Bolsonaro (PSL), o militar da reserva desgastou-se no Palácio do Planalto e perdeu o cargo.

Santos Cruz ocupava o posto de ministro da Secretaria de Governo. Entre suas atribuições estava a distribuição das verbas para os meios de comunicação. Esse foi um dos pontos de tensão com os olavistas, interessados eu aumentar suas fatias nesses recursos.

Fora do poder, o general revelou espanto com o que viveu no Planalto. Em entrevista à revista Época, Santos Cruz criticou a “guerra de baixarias”, a “fofocagem desgraçada”, o “show de besteiras” e as “bobagens” que, na sua opinião, tiram o foco e atrapalham o governo.

Embora não tenha sido explícito, as reclamações do ex-ministro estão relacionadas ao comportamento de Olavo e seus seguidores, principalmente, o vereador carioca Carlos Bolsonaro, filho do presidente. Essa turma atua com agressividade, especialmente no Twitter, e saiu-se vitoriosa com a queda de Santos Cruz.

Amigo de Jair Bolsonaro desde a juventude, o general mostra-se leal ao antigo colega de Exército, mas deixa evidente o descontentamento com a influência do grupo de Olavo no governo. Avalia que as boas coisas feitas pela equipe não aparecem por causa das “coisas artificiais”.

Bolsonaro se mostrou incomodado com as declarações do ex-ministro. Abordado pele imprensa, disse que o assunto era “página virada”. Afirmou, ainda, que Santos Cruz ficou seis meses no governo e nunca lhe disse “que tinha bobagem lá dentro”.

Assim, não poderia mesmo dar certo. Se o presidente não toma conhecimento de graves problemas identificados por um de seus principais ministros, não se deve esperar grandes realizações deste governo.

Mas parece pouco crível que Bolsonaro não tomasse conhecimento da insatisfação de Santos Cruz com a influência de Olavo na Esplanada. As brigas entre o general e o filósofo foram públicas, os brasileiros acompanharam pelo Twitter.

Então, como conclusão, observa-se que o presidente na verdade tomou o lado de Olavo na disputa com Santos Cruz. Em vez de aproveitar a experiência do general, o chefe do Executivo preferiu prestigiar as ideias estapafúrdias do escritor.

Essa decisão revela a opção preferencial de Bolsonaro pelo confronto ideológico com a esquerda. Pretere o profissionalismo dos militares para incorporar a verborragia histriônica de Olavo.

Como esse molde, Bolsonaro ajusta o governo segundo sua personalidade. Embora Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira, próximo ministro da Secretaria de Governo, também seja um general, a passagem desgastante de Santos Cruz pelo cargo mostrou força do escritor no Palácio. Até agora, entre os militares e o escritor, o presidente ficou com o guru.

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