Análise: passou da hora de esclarecer casos de Flávio e Queiroz
Decisão do STF pode ajudar a esclarecer denúncias que se arrastam desde 2018 sobre irregularidades no gabinete do filho do presidente
atualizado
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Quase um ano se passou desde a revelação de que o ex-policial militar Fabrício Queiroz realizou movimentações suspeitas em uma conta bancária. Mesmo com tanto tempo, os brasileiros ainda não sabem que tipo de rolo se praticava no gabinete do então deputado estadual pelo PSL Flávio Bolsonaro (RJ), hoje senador sem partido.
A decisão tomada nessa quinta-feira (28/11/2019) pelo Supremo Tribunal Federal (STF) cria condições para os investigadores, finalmente, esclarecerem as dúvidas desse caso. As suspeitas em torno de Queiroz incluem prática de “rachadinha” e relações com milícias.
São dúvidas graves, principalmente levando-se em conta o fato de se tratar do gabinete de um senador e – mais importante – filho do presidente Jair Bolsonaro. A possibilidade de ocorrência de práticas desta natureza sob a proteção de Flávio cria um ambiente nebuloso nas fileiras governistas.
“Rachadinha” é a devolução para o gabinete de parte dos salários dos servidores. Em outras palavras, é o desvio de dinheiro público para finalidades indevidas.
O fato de Flávio manter familiares de milicianos no gabinete torna ainda mais urgente a necessidade de se elucidar os rolos de Queiroz. As ligações entre a família Bolsonaro e pessoas ligadas a quadrilhas fluminenses são conhecidas e comprovadas por homenagens públicas.
Mais recentemente, surgiram novas suspeitas com os desdobramentos das investigações do assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (PSol). No conjunto, essas circunstâncias comprometem a credibilidade do presidente e do “Zero 1”.
Importante observar que Bolsonaro foi eleito com discurso de combate à corrupção e à impunidade. Desde dezembro de 2018, no entanto, Flávio atua para impedir a apuração dos fatos.
Por fim, cabe lembrar que a reabertura do caso pelo STF pode ajudar a comprovar que os R$ 24 mil de Queiroz depositados na conta da primeira-dama, Michelle, foram pagamento de um empréstimo. Essa é a explicação do presidente.