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Análise: no Dia da Independência, Bolsonaro promove Edir e Silvio

Presidente tenta colar imagem em dono do SBT e em líder da Igreja Universal para fortalecer relação com evangélicos e mídia aliada

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No primeiro 7 de Setembro como presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL) exaltou os símbolos de sua preferência. Estimulou a população a vestir-se de verde-amarelo, deslocou-se de Rolls Royce com aplausos da arquibancada e cantou o Hino Nacional em um vídeo produzido pelo governo.

Ao mesmo tempo que enalteceu a Pátria, o capitão preocupou-se com a promoção de dois aliados estratégicos em momento de perda de popularidade. O apresentador de TV Silvio Santos e o líder da Igreja Universal, Edir Macedo, ocuparam posição de destaque no palanque da solenidade pelo Dia da Independência. 

A presença inusitada dessas duas personalidades nas comemorações oficiais demonstra atenção do presidente com a mídia aliada e com os evangélicos, duas áreas de sustentação do governo. O gesto acontece em um momento que as pesquisas de opinião revelam queda acentuada na popularidade de Bolsonaro. 

Dono da Record TV, o fundador da Igreja Universal aparece com frequência ao lado do presidente. No dia 1º de setembro, por exemplo, o chefe do Executivo esteve no Templo de Salomão e ajoelhou-se diante de Edir durante um ritual religioso.

Proprietário do Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), Silvio abre os estúdios, também com certa regularidade, para entrevistas com Bolsonaro ou com seus filhos. Isso acontece, principalmente, nos momentos em que a família se vê pressionada pelo noticiário da imprensa. Pelo menos uma vez, o capitão esteve na casa do apresentador.

Silvio e Edir representam os setores da mídia parceiros do Palácio do Planalto. Embora critique a cobertura dos fatos relacionados ao governo feita pelos veículos não alinhados, o presidente tem muito a agradecer ao comportamento chapa-branca da Record e do SBT.

Nada há de novo na relação de Silvio e Edir com o governo federal. Ambos simbolizam uma relação antiga entre os ocupantes do Palácio do Planalto e os donos de TV e líderes religiosos. O apresentador bajula os presidentes desde a ditadura, quando obteve o canal de TV.

Edir expandiu seu império midiático e religioso depois da redemocratização do país. Para se afastar qualquer suspeita de viés ideológico na proximidade com Bolsonaro, deve-se lembrar que, durante a campanha de reeleição, a então presidente Dilma Rousseff (PT) também esteve no Templo de Salomão.

A acentuada queda na popularidade sofrida nos últimos meses ajuda a compreender a relevância dada pelo capitão a Edir e a Silvio. O desgaste se deve, em grande parte, às declarações e aos gestos inadequados de Bolsonaro, por exemplo, como no caso da primeira-dama da França, Brigitte Macron. Outro episódio, a indicação de Augusto Aras para Procuradoria-Geral da República, desagradou a uma relevante parcela dos seguidores do capitão. 

Nesse cenário, observa-se que, se não cometesse tantos gestos impróprios, o presidente certamente teria menos necessidade de recorrer a empresários de comunicação e líderes religiosos para tentar melhorar os índices de aprovação junto aos brasileiros.

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