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Análise: caso Marielle joga Bolsonaro e Witzel em briga feroz

Em defesa do filho Carlos, presidente acusa governador do Rio de Janeiro de manipular investigações do assassinato da vereadora carioca

atualizado

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Reprodução/ Mídia Ninja
Manifestações de um ano da morte da vereadora Marielle Franco
1 de 1 Manifestações de um ano da morte da vereadora Marielle Franco - Foto: Reprodução/ Mídia Ninja

Pela gravidade dos fatos, a briga entre o presidente Jair Bolsonaro e o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), chegou a um patamar com final imprevisível. Pela lógica, se tudo for esclarecido, um dos dois estará em um beco sem saída.

Não é todo dia que um governador processa um presidente da República. Ainda mais, por motivos com potencial para abalar o país. Vejamos.

Em uma situação sem precedentes, Bolsonaro acusa Witzel de manipular as investigações sobre o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (PSol). Na versão do presidente, o governador pretende se candidatar ao Palácio do Planalto em 2022 e, por isso, teria direcionado o trabalho da polícia para prejudicá-lo na disputa pela reeleição. 

Por causa da acusação do capitão, Witzel anunciou que vai processar o chefe do Executivo. O embate foi motivado pela notícia dada por meio do jornalista da CBN Kennedy Alencar, não desmentida, de que o filho do capitão Carlos Bolsonaro, vereador no Rio, estaria em uma das linhas de investigação da polícia do Rio de Janeiro no caso Marielle. Como se dizia antigamente, é nitroglicerina pura.

Se o que Bolsonaro afirma é verdade – e for provado –, Witzel atropelou as leis em benefício próprio. Nessas circunstâncias, o ex-juiz ficaria desmoralizado no cargo e passaria para o banco dos réus. O presidente sairia do episódio como vítima e, certamente, saberia usar a hipotética perseguição na retórica dos palanques.

Porém, supondo-se que Carlos se encontre mesmo no radar da polícia, Bolsonaro estaria se beneficiando do cargo para tentar atrapalhar as conclusões das investigações. O pedido do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, para federalizar e puxar o caso para seus subordinados agravaria esse contexto. 

Pelo que indicam os fatos dos últimos dias, o presidente quer evitar que Carlos se torne formalmente suspeito de ligação comprometedora com os assassinos de Marielle. Nesse rumo, nem dá para imaginar o que aconteceria com Bolsonaro e com o governo se o “Zero 2” estiver de fato envolvido com os criminosos. Mas, certamente, o país todo seria ainda mais prejudicado.

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