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Análise: Brasil tem pela frente uma crise de longo prazo na Venezuela

No primeiro teste diplomático de Bolsonaro, Brasil ajuda na pressão externa pela saída de Maduro. Não há previsão de solução no país vizinho

atualizado

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Igo Estrela/Metrópoles
Venezuelanos abrigados em Boa Vista Brasil Venezulela
1 de 1 Venezuelanos abrigados em Boa Vista Brasil Venezulela - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Os problemas da Venezuela são graves e sem solução em curto prazo. A crise humanitária e de desabastecimento se aprofunda à medida que os conflitos políticos se arrastam no país. Quaisquer que sejam os desdobramentos do fechamento da fronteira com o Brasil – determinado pelo presidente venezuelano Nicolás Maduro –, a instabilidade se prolongará por muito tempo.

Prejudicada por divergências políticas internas e externas, a Venezuela vive uma derrocada econômica e social preocupante, principalmente, para a América do Sul. Como consequência, a população sofre com violência, escassez de alimentos e falta de serviços básicos. Nada disso se resolve de um dia para o outro.

Com 2,2 mil quilômetros de fronteira comum, Brasil e Venezuela necessariamente sofrem as consequências do que se passa no território vizinho. Nos últimos anos, o Brasil recebeu milhares de venezuelanos em busca de vida melhor. Instituída em março de 2018, a Operação Acolhida, mantida pelo governo brasileiro, recebe refugiados em Roraima (foto em destaque).

Desde o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), o governo federal deixou de apoiar Maduro. Com a posse do presidente Jair Bolsonaro (PSL), o distanciamento político entre Caracas e Brasília se aprofundou. Agora, aliado aos Estados Unidos, o Brasil participa ativamente das pressões internacionais pela saída do presidente da Venezuela.

A decadência econômica e social do vizinho prolonga-se à medida que a instabilidade política inviabiliza consensos necessários para o estabelecimento da paz interna. Diante da magnitude do desarranjo, o país levará tempo para se reestruturar.

Caminho penoso
Mesmo que Maduro caia, e o autoproclamado presidente Juan Guaidó assuma e convoque novas eleições, a Venezuela terá um longo e penoso caminho para retomar a tranquilidade e o desenvolvimento. A reconstrução do país dependerá da capacidade dos mais de 30 milhões de habitantes chegarem a acordos que encerrem as divergências que afundam a região na crise.

Nessas circunstâncias, deve-se torcer para uma postura equilibrada do governo brasileiro. Se, por um lado, a ajuda humanitária aos venezuelanos torna-se obrigatória, por outro, espera-se que as ações na fronteira não sejam contaminadas por preferências ideológicas.

Assim como o alinhamento automático dos governos do PT ajudou na perpetuação do autoritário Maduro no poder, os movimentos em favor de Guaidó também são temerários. Pela intensa relação entre os dois países,  a atuação do Brasil neste caso pode ser decisiva para o futuro da Venezuela.

Por todas essas razões, a crise do país vizinho é o primeiro grande teste para a diplomacia brasileira sob o comando do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. O mesmo vale para o presidente: Bolsonaro pode sair dessa enrascada externa maior do que entrou. Ou o contrário.

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