Análise: Bolsonaro usa governo para contrariar adversários
No primeiro ano de governo, presidente investiu contra a imprensa, as universidades, Chico Buarque, Paulo Freire e Greta Thunberg
atualizado
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De um presidente da República, no mundo ideal, espera-se uma postura generosa e conciliatória com a população. Assim, tem maiores chances de buscar consensos que levem o país na direção do bem comum.
Para tomar esse caminho, recomenda-se ao chefe do Executivo reduzir as áreas de atrito com os diferentes segmentos sociais. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), no entanto, segue em outra direção.
Em um ano de mandato, o capitão se notabilizou por apostar no confronto permanente com os setores que julga ter como adversários. Com isso, em vez de agregar apoios, reforçou divergências e potencializou resistências ao governo.
Bolsonaro, muitas vezes, transformou as diferenças políticas em perseguição aos setores com os quais não se identifica. A começar pela imprensa, tratada quase sempre como inimiga.
De modo geral, o presidente investiu contra tudo que enxerga como bandeira de esquerda. Isso aconteceu, por exemplo, em relação às universidades públicas.
O fato de nomear Abraham Weintraub para o Ministério da Educação (MEC), por si só, demonstra a má vontade do presidente com o setor. A postura desrespeitosa do titular do MEC com o meio universitário ficou evidente em postagens na internet e em depoimentos no Congresso.
Bolsonaro também forçou inimizades com personalidades nacionais e internacionais. Nessa linha, atacou o educador Paulo Freire, a quem chamou de “energúmeno”.
O presidente se negou, ainda, a assinar o Prêmio Camões recebido pelo compositor Chico Buarque. Não fez nenhuma diferença para o artista, mas marcou o comportamento birrento do capitão.
Outra desavença criada foi com a ativista Greta Thunberg, tratada por “pirralha” pelo capitão. Esse tom infantil e agressivo prevaleceu em boa parte do primeiro ano de governo.