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Análise: Bolsonaro fugiu do Centrão, que agora muda seus termos

Desde o começo, o governo – e os filhos presidenciais – resistiram a ceder espaço para outros. O tema “cargos” está ficando para trás

atualizado

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Myke Sena/Especial para o Metrópoles
jair bolsonaro
1 de 1 jair bolsonaro - Foto: Myke Sena/Especial para o Metrópoles

O início do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) foi marcado pela mesma romaria de deputados e senadores que buscavam influenciar o governo. Por influência, leia-se “cargos” e emendas.

Desde o começo, o governo – e os filhos presidenciais – resistiram a ceder espaço para outros. Na área econômica, além do ministro da Economia, Paulo Guedes, Flávio Bolsonaro (sem partido) indicou ao menos os presidentes da Caixa Econômica e do Banco Central.

Já o filho 03, Eduardo Bolsonaro (PSL), colocou os seus nas áreas internacionais. Ele mesmo flertou com a ideia de tornar-se embaixador nos Estados Unidos, apesar da total inexperiência na área.

Carlos Bolsonaro (PSC) queria interferir – mas não conseguiu – na comunicação. Ele se ressente até hoje. No meio do caminho, derrubou algumas cabeças.

Com isso, o Centrão, neste um ano, aprendeu que cargos com Bolsonaro não são necessariamente uma boa moeda de troca. Recentemente, o líder de um dos partidos desse grupo relatou as razões de o grupo estar deixando de lado a negociação nessa área.

“Você fica um, dois, três meses mendigando um cargo e daí, quando seu aliado assume, os bolsonaristas começam a queimar eles nas redes. Quem fica mal na história somos nós”, disse.

Agora, para 2020, o grupo prepara mudanças. Entre elas, a negociação virá, predominantemente, por emendas. Até onde se pode ver, nesse caso a responsabilidade é dividida. Quem recebe a emenda pode ser criticado. Mas bolsonarista nenhum poderá dizer que a liberação foi feita contra a vontade do presidente, responsável por liberar esses valores.

Dessa forma, as pontes que Bolsonaro não conseguiu criar em 2019 ficarão mais necessárias em 2020.

Neste ano, quando foram aprovados projetos importantes, como a reforma da Previdência e o pacote anticrime, havia a esperança de os parlamentares retomarem aquilo que eles acreditam ser o “seu espaço”.

Em 2020, eles estão já reavaliam como obter espaços. E não necessariamente querem os mesmos. Em ano eleitoral, a paciência de ambos os lados tende a ser menor. Sinal de (ainda mais) polarização.

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