metropoles.com

Análise: Bolsonaro e Congresso cederam para tentar estancar desgaste

Pressionado pela sociedade, Bolsonaro mudou o decreto das armas e devolveu verbas ao MEC, enquanto Câmara aprovou reforma administrativa

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
ISAC NÓBREGA/PR
Maia e Bolsonaro
1 de 1 Maia e Bolsonaro - Foto: ISAC NÓBREGA/PR

Desde o início do ano, os desentendimentos entre o governo e o Congresso atravancam a aprovação dos projetos de interesse do Palácio do Planalto. O estilo intransigente e os rompantes autoritários do presidente Jair Bolsonaro (PSL) também dificultam o diálogo entre Executivo e Legislativo.

Nessa quarta-feira (22/05/2019), as duas partes cederam e contribuíram para remover pelo menos alguns dos entraves políticos no governo e no Parlamento. Em ambos os lados, o fator determinante para a mudança de postura foi o ronco das ruas.

A pressão da população foi decisiva, por exemplo, para a redução do contingenciamento das verbas do Ministério da Educação (MEC). Os cortes nas verbas do setor provocaram manifestações em mais de 200 cidades do país na quarta-feira da semana passada (15/05/2019).

Apoiada por partidos de oposição, a mobilização demonstrou que uma parcela representativa da sociedade está disposta a sair de casa para reclamar do governo do capitão. Chamados de “idiotas úteis” por Bolsonaro, os manifestantes atingiram o objetivo de pressionar o governo.

Os protestos desgastaram, em especial, o presidente e o ministro da Educação, Abraham Weintraub. Agressivos nas críticas às universidades, os dois baixaram o nível nos ataques a estudantes e professores.

Bolsonaro também recuou na flexibilização das regras para posse de armas. Depois de repercussão negativa em vários setores da sociedade e da pressão de 14 governadores, o presidente excluiu fuzis, espingardas e carabinas da lista de armas liberadas, por decreto, para o uso de civis.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) (ao lado de Bolsonaro na foto em destaque) nem esperou os protestos marcados para o próximo domingo (26/05/2019) para mostrar serviço. Desde a semana passada, seguidores de Bolsonaro convocam uma manifestação para pressionar o Congresso a votar as propostas do governo.

Os apoiadores do presidente estão divididos em relação ao ato do dia 26. Um de seus filhos, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), participa da convocação do ato de domingo (26/05/2019). O capitão estimula a mobilização, mas anunciou que não estará presente. O Movimento Brasil Livre (MBL), aliado do capitão na eleição, posicionou-se contra o protesto.

Temerosos de serem expostos pelos manifestantes de domingo como responsáveis pela crise do país, os integrantes do Centrão – grupo suprapartidário decisivo nas votações – resolveram votar pela aprovação da Medida Provisória nº 870, que estabelece a reforma administrativa.

Também para agradar ao Planalto, os deputados desistiram de recriar dois ministérios. Com isso, a Esplanada ficou com o desenho pretendido pelo Planalto.

O Centrão, porém, derrotou o governo ao devolver o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) para o Ministério da Fazenda. Pela proposta do Planalto, o órgão ficava na pasta da Justiça, sob o comando do ministro Sérgio Moro. O perfil de investigador do  ex-juiz da Lava Jato desagrada aos políticos, sobretudo os suspeitos de envolvimento com corrupção.

Ameaça
Apesar da vitória sobre a bancada governista neste ponto, o Centrão fracassou na tentativa de ocultar os nomes dos deputados que votaram contra o Planalto. Minutos antes da decisão, chegou ao PSL o boato de que, se o partido pedisse votação nominal, o grupo descartaria a proposta de reforma da Previdêndia de Bolsonaro.

No lugar, o Centrão trabalharia para levar ao plenário a proposta de reforma elaborada pelo então presidente Michel Temer. Nessa hipótese, a proposta mais importante de Bolsonaro seria engavetada.

O PSL ignorou a ameaça e pediu votação nominal. Agora, com a divulgação das identidades dos deputados que tiraram o Coaf de Moro, ficou a dúvida sobre a real disposição do Centrão de prestigiar Temer e esvaziar Bolsonaro. Pelo que se conhece do Congresso, presidentes no poder costumam prevalecer sobre os destronados.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?