metropoles.com

Análise: ao afrontar a ciência, Bolsonaro leva o país para voo cego

Presidente usa o método “se colar, colou” para tentar impor no governo federal uma agenda lastreada nas preferências pessoais

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Foto: Andre Borges/Esp. Metrópoles
Bolsonaro lança campanha pela reforma da previdencia
1 de 1 Bolsonaro lança campanha pela reforma da previdencia - Foto: Foto: Andre Borges/Esp. Metrópoles

Se o Brasil não seguir os caminhos apontados pela ciência, fica difícil imaginar os critérios que norteariam a tomada de decisões do governo federal. Manifestações recentes do presidente Jair Bolsonaro (PSL), por incrível que pareça, reforçam a impressão de que os rumos do país estão atrelados a referências de cunho meramente pessoal.

O embate com o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Ricardo Osório Galvão, revela a disposição do chefe do Executivo de desprezar os dados científicos que não atendam suas vontades. Sem o conhecimento acumulado, aferido em pesquisas lastreadas por métodos consagrados nas academias, resta a trilha da ignorância.

Em reação às palavras do presidente, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) emitiu uma nota. “Em ciência, os dados podem ser questionados, porém sempre com argumentos científicos sólidos, e não por motivações de caráter ideológico, político ou de qualquer outra natureza”, diz o comunicado.

Fundada 1948, a SBPC representa no país o conhecimento reunido ao longo de décadas por pesquisadores conectados com as descobertas feitas no mundo com base em normas rígidas de percepção da realidade. A instituição nasceu, exatamente, da necessidade de desenvolvimento social e econômico depois da Segunda Guerra Mundial.

O confronto com Galvão se deu em torno dos dados divulgados pelo INPE sobre desmatamento da Amazônia. Aliado da bancada ruralista no Congresso, Bolsonaro contestou o resultado apresentado pelo instituto com o argumento de que tem o “sentimento” de que não “coincide com a verdade”.

Deve-se concluir, então, que o presidente tem a pretensão de substituir critérios científicos por impressões pessoais sobre grandes temas nacionais. Nessa rota, o voo é cego, guiado pelo achismo dos governantes de plantão. É o roteiro do obscurantismo.

Bolsonaro tem na equipe adeptos dessa concepção imaginosa. É o caso, por exemplo, do ministro da Cidadania, Osmar Terra, outro que prefere acreditar nos próprios palpites a adotar estudos científicos. Ele demonstrou esse cacoete ao censurar uma pesquisa feita pela Fundação Oswaldo Cruz sobre o uso de drogas no Brasil. Para um médico formado pela tradicional Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), esse é um comportamento surpreendente.

Depois de quase sete meses de governo Bolsonaro, os brasileiros perceberam que ele fala compulsivamente e que seus pensamentos, com grande frequência, trombam na realidade. Esse é o método do “se colar, colou”. Pelo futuro do Brasil, espera-se que a ciência volte a pautar a agenda do governo.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?