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Análise: 80 tiros do Exército desafiam estratégia das “arminhas”

Morte do músico Evaldo Rosa, no Rio de Janeiro, chamou a atenção para os riscos de propostas que estimulam ações violentas contra suspeitos

atualizado

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Hélvio Romero/Estadão
HR SÃO PAULO/SP 27/11/2017 – FÓRUM VEJA: AMARELAS AO VIVO POLITICA – Jornalistas e colunistas da Revista Veja
1 de 1 HR SÃO PAULO/SP 27/11/2017 – FÓRUM VEJA: AMARELAS AO VIVO POLITICA – Jornalistas e colunistas da Revista Veja - Foto: Hélvio Romero/Estadão

Na campanha eleitoral, as imagens de mãos imitando armas deram o tom dos palanques do então candidato Jair Bolsonaro (PSL). Mesmo hospitalizado depois de levar uma facada, o capitão fez o gesto belicista.

As “arminhas”, como peça de propaganda, simbolizaram o direito de defesa do cidadão contra a criminalidade. No marketing da eleição, representaram também o enfrentamento da bandidagem pelas forças de segurança.

Em consequência das promessas de campanha, depois de empossado no Planalto, o presidente Bolsonaro assinou decreto que flexibilizou a posse de armas para a população. Esse foi o primeiro ato efetivo da estratégia de combate da violência com mais violência.

Um dos entusiastas dessa postura é o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC). Ele propõe, por exemplo, a utilização de atiradores de elite, “snipers”, para o abatimento de criminosos.

Na mesma vertente, o pacote anticrimes elaborado pelo ministro da Justiça, Sergio Moro, prevê atenuantes para a penalização de policiais em ações sob “escusável medo, surpresa ou violenta emoção”. As “arminhas”, nesse caso, são fornecidas pelo Estado e manuseadas por agentes públicos.

Os efeitos do discurso apareceram nos primeiros meses dos governos de Witzel e Bolsonaro. No dia 8 de fevereiro, a Polícia Militar fluminense matou 13 homens em comunidades de Santa Teresa e do Catumbi. As vítimas, segundo a PM, eram envolvidas com crimes.

No último domingo (7/4), um grupo de dez militares do Exército disparou mais de 80 tiros contra um carro em Guadalupe, na Zona Norte do Rio. As balas atingiram a família que ia para uma festa de chá de bebê e mataram o músico Evaldo Santos Rosa.

Ninguém estava armado dentro do carro. Ao que tudo indica, foi uma ação criminosa cometida por militares despreparados para patrulhar as ruas de uma grande cidade.

Um tenente, um sargento e sete soldados do Exército tiveram a prisão prorrogada nesta quarta-feira (10/4), por decisão da juíza Mariana Campos, da 1ª auditoria da Justiça Militar, por causa da morte de Evaldo. Nos depoimentos, os acusados afirmam que confundiram o carro do músico com o veículo de assaltantes.

Homens treinados
Esses são apenas dois exemplos da aplicação prática da tentativa de combater insegurança pública com violência. Em pouco tempo, uma ação policial sem testemunhas termina com mais de uma dezena de mortos e uma patrulha do Exército alveja uma família indefesa.

Autorizados, implicitamente, a atirar para matar, policiais e militares mostraram como usam as prerrogativas que julgam ter no momento atual do país. Nos dois episódios tratados neste texto, os responsáveis pelas ações eram homens treinados a operar armas de fogo.

O caso de Evaldo comprova que mesmo militares cometem erros crassos e fatais com seus equipamentos mortíferos. Dessa constatação pode-se depreender as consequências de armas com quem não tem experiência nessa atividade. Afinal, fazer “arminha” com as mãos não habilita ninguém a manusear pistolas e fuzis.

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