Amigos de Temer foram denunciados pelo MPF seis dias antes de prisão
Entre eles, estão José Yunes e o coronel Lima, por supostamente participarem de organização criminosa ligada ao MDB
atualizado
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Seis dias antes de serem presos pela Operação Skala, na quinta-feira (29/3), o advogado José Yunes e o coronel João Baptista Lima, ambos amigos pessoais do presidente Michel Temer (MDB), foram denunciados pelo Ministério Público Federal por supostamente participarem de uma organização criminosa ligada ao MDB. A informação foi antecipada pelo O Globo e confirmada ontem pelo jornal O Estado de S.Paulo.
Yunes e Lima também foram alvos da Procuradoria-Geral da República no último dia 21, com base em dados reunidos durante a investigação do caso, batizado como “quadrilhão do MDB”. Como os dois não têm foro privilegiado, as denúncias coletadas no inquérito foram desmembradas e endereçadas para a 12ª Vara Federal de Brasília. Outras três pessoas estão em situação semelhante. Os nomes dos demais integrantes dessa nova leva de denunciados, no entanto, estão sob sigilo.O “quadrilhão” apura a atuação do grupo político do presidente Michel Temer, supostamente formado por aliados como Eduardo Cunha, Henrique Alves, Geddel Vieira Lima, Rodrigo Rocha Loures, Eliseu Padilha e Moreira Franco. Com exceção dos dois últimos, que são ministros e, portanto, têm foro, os demais estão presos.
O caso investiga uma série de irregularidades atribuídas a integrantes de partidos cometidas em diversos escalões da administração pública, como na Caixa Econômica Federal. Há ainda suspeitas de ilegalidades no setor portuário, com provas distintas das que nesse momento estão em avaliação na Operação Skala.
PGR
O desmembramento do caso e as diligências paralelas poderão servir de subsídio para o trabalho da Procuradoria-Geral da República e da Polícia Federal, dentro da operação Skala. A expectativa é de que informações e provas obtidas durante a investigação em curso, envolvendo as cinco pessoas sem foro privilegiado, sejam numa segunda etapa remetidas à PGR, como eventual aporte no inquérito que tem como alvo principal o presidente Temer, responsável pela edição do chamado Decreto dos Portos.
Entre as empresas supostamente beneficiadas pela medida do chefe do Executivo nacional está a Rodrimar, que atua no Porto de Santos. Na quinta-feira (29/3), além de Yunes e do coronel Lima, foram presos Antônio Celso Grecco, dono da Rodrimar; Celina Torrealba, do grupo Libra; o ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi, indicado por Temer para o cargo durante o governo da presidente cassada Dilma Rousseff; e Milton Ortolan, um de seus auxiliares.
As prisões foram solicitadas pela procuradora-geral da República, Raquel Dogde, e autorizadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso, relator do inquérito que investiga se Temer, por meio do Decreto dos Portos, beneficiou empresas do setor portuário em troca de suposto recebimento de propina.
Réus
Se a denúncia for aceita, Yunes e Lima se tornarão réus e poderão responder por crime de organização criminosa. A pena prevista nesses casos é de três a oito anos de prisão. Ambos cumprem prisão temporária, no âmbito da Operação Skala. O prazo vence na próxima terça-feira (3/4), podendo ser prorrogado por mais cinco dias.
Procurado pelo Estado, o advogado José Luís Oliveira Lima, defensor de Yunes, afirmou que “mais uma vez a defesa tomou conhecimento dessa acusação pela imprensa, e isso é inadmissível”. Segundo ele, “mesmo sem ter conhecimento da denúncia”, garante que José Yunes, “em mais de 50 anos de atividade profissional, sempre pautou sua postura pela ética e correção”. Já o advogado do coronel Lima, Maurício Silva Leite, disse que só ira se manifestar quando tiver acesso ao conteúdo da documento judicial.