Alvo da CPI, Arthur Weintraub mostra certificado de pesquisador
Antes, o ex-assessor especial da Presidência confessou que realizou evento com médicos para tratar de medicamentos sem eficácia comprovada
atualizado
Compartilhar notícia
Alvo da CPI da Covid-19, acusado de integrar o chamado “gabinete paralelo”, o ex-assessor especial da Presidência Arthur Weintraub divulgou um certificado de pesquisador, neste domingo (6/6), após afirmar que testou e recomendou remédios de malária para o tratamento do coronavírus ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
“Sempre estive na área da pesquisa científica. Os médicos e cientistas entravam em contato comigo por esse histórico. Não tenho nada a esconder. Ao contrário”, escreveu no Twitter.
Sobre meu envolvimento científico como assessor especial da Presidência da República, publico meu certificado de Pós-Doutorado. Programa de Neurologia/Neurociências da Universidade Federal de SP. Trabalhei muito para salvar vidas, quando não havia vacinas. pic.twitter.com/rqwajbOPbJ
— Arthur Weintraub (@ArthurWeint) June 6, 2021
Em vídeo publicado nesse sábado (5/6), Arthur apareceu ao lado do irmão, o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub. Na ocasião, ele confessou que fez um evento com médicos para falar sobre o chamado “tratamento precoce”, mas negou integrar um “gabinete paralelo”.
Recomendação a Bolsonaro
De acordo com o ex-assessor da Presidência, ele encontrou artigos sobre remédios contra a malária e, por conta própria, decidiu fazer um tratamento por dois dias, antes de recomendá-los ao presidente.
“Eu fui na farmácia, comprei sem receita e tomei por dois dias. Depois, fui comentar com o presidente que havia coisas publicadas sobre o assunto – eu estava entrando em contato com pesquisadores. E ele disse: ‘Passe a estudar e você vai me trazer o que você for encontrando'”, relatou.
Arthur confessou que realizou um evento em 2020, em defesa do tratamento com os medicamentos sem eficácia comprada contra o coronavírus.
“O que eu defendia era a liberdade do médico de tentar salvar vidas. Eu não organizei gabinete, eu fazia contatos científicos. Eu fiz um evento, em 2020, porque acabei tendo contato com médicos de linha de frente. Nesse evento, eu defendi a liberdade do médico de poder receitar remédio para os seus pacientes”, falou.
Veja o vídeo:
Esclarecendo, sem medo da verdade.https://t.co/pYl7PRsf3x
— Abraham Weintraub (@AbrahamWeint) June 5, 2021
Ligação com a crise
Arthur é apontado pela CPI da Covid como integrante do “gabinete paralelo” de aconselhamento do presidente Jair Bolsonaro sobre a pandemia.
Já Abraham, quando ainda era ministro da Educação, em junho do ano passado, participou de uma manifestação em Brasília a favor do governo. Ele estava sem máscara, provocou aglomeração, falou com apoiadores e tocou nas pessoas. A falta do uso de máscara lhe rendeu uma multa do governo do Distrito Federal.
Atualmente, Abraham é diretor-executivo do conselho do Banco Mundial; e Arthur, secretário de Segurança Multidimensional da Organização dos Estados Americanos (OEA).
CPI da Covid e gabinete paralelo
O nome de Arthur voltou ao noticiário nos últimos dias após a CPI da Covid apontá-lo como um dos integrantes do “gabinete paralelo“.
Esse grupo, que funcionava separado do Ministério da Saúde, segundo a cúpula CPI, aconselhava o presidente Jair Bolsonaro sobre medidas a serem tomadas na pandemia. A comissão suspeita que os conselhos não seguiam a ciência e atrapalharam o país no combate ao vírus.
O vídeo de uma reunião no Palácio do Planalto em setembro publicado pelo Metrópoles nesta sexta reforça a suspeita da CPI sobre a existência do “gabinete paralelo” de aconselhamento ao presidente Jair Bolsonaro durante a pandemia. O encontro foi transmitido ao vivo no Facebook do presidente na época.
Na reunião, o virologista Paolo Zanotto revelou que Arthur Weintraub fazia interlocução entre os profissionais do aconselhamento paralelo e Bolsonaro. O papel de Arthur é discutido na CPI, que aprovou sua convocação.