“Aluguel R$ 12 x 3.500,00”, diz anotação apreendida na casa de Lula
Documento foi apreendido pela PF em 2016 na casa de Lula em São Bernardo do Campo (SP)
atualizado
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A Polícia Federal (PF) recolheu, no dia 4 de março de 2016, uma anotação manuscrita sobre o aluguel do apartamento ocupado pela família do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, localizado ao lado do imóvel do petista. Segundo o documento, apreendido na casa de Lula em São Bernardo do Campo (SP), o apartamento teria sido comprado em nome de um primo do pecuarista José Carlos Bumlai. As informação são do Blog do Fausto Macedo, do jornal O Estado de S. Paulo.
A anotação foi feita em um papel timbrado do escritório Teixeira, Teixeira & Martins Advogados, que tem como sócio Cristiano Zanin Martins, genro e principal defensor de Lula nos processos da Lava Jato. Nele, há o nome e “Glaucos Costamarques”, o número de seu CPF e abaixo: “Aluguel R$ 12 x 3.500,00 – R$ 42.000,00”. O documento foi recolhido pela PF no dia 4 de março, quando Lula foi alvo da 24ª fase da Lava Jato. Seus endereços foram objeto de busca e ele foi conduzido coercitivamente para depor.
O valor de R$ 3.500,00 é o que consta nos recibos entregues pela defesa de Lula ao juiz federal Sérgio Moro, da Lava Jato, em Curitiba. O valor de R$ 42.000,00 é o mesmo declarado no Imposto de Renda do ex-presidente de gastos com Glaucos Costamarques já de 2012.A força-tarefa da Operação Lava Jato acusa o ex-presidente de ocultação patrimonial do imóvel, que seria um presente dado a Lula no esquema de corrupção na Petrobrás. O material deve ajudar a Polícia Federal a periciar os comprovantes de pagamento de aluguel entregues pela defesa de Lula, na última semana, para confirmar que o ex-presidente é locatário do imóvel, e não dono. Os documentos apresentados pela defesa de Lula referem-se ao período de agosto de 2011 a novembro de 2015. Duas notas têm datas que não existem no calendário: 31 de junho e 31 de novembro.
Nesse processo, Lula é acusado de receber o apartamento que custou R$ 500 mil como propina da Odebrecht. O imóvel foi adquirido em 2010 em nome de Glaucos Costamarques, que é primo distante de Bumlai. Para os procuradores, ele é um “laranja” que serviu para ocultar a propriedade do imóvel. A operação de compra teria sido realizada por Bumlai e por Teixeira – também réu. A ação trata, ainda, da doação de um terreno de R$ 12 milhões para o Instituto Lula – que acabou sendo cancelada – que contou também com a participação de Bumlai, Glaucos e Teixeria – os três réus no mesmo processo.
Outro lado
Em um vídeo gravado e divulgado nesta quinta-feira (28/9), o advogado Cristiano Zanin Martins reagiu à polêmica sobre os recibos de aluguel do apartamento 121, do edifício Hill House, em São Bernardo do Campo (SP), ocupado pelo ex-presidente Lula. A defesa do engenheiro Glaucos da Costamarques, dono do imóvel, afirma que todos os comprovantes de 2015 foram assinados no mesmo dia, no Hospital Sírio-Libanês, em novembro daquele ano.
Por meio de nota, a defesa de Lula afirmou que “a responsabilidade sobre os documentos, e sobre a veracidade do que eles atestam, é da pessoa que os assinou. Não há questionamento sobre as assinaturas. A tentativa de transformar os recibos no foco principal da ação é uma clara demonstração de que nem o Ministério Público nem o juízo encontraram qualquer materialidade para sustentar as descabidas acusações formuladas contra Lula em relação aos contratos da Petrobrás.”