Aliados de Lula se revezam para manter “vigília” em Curitiba
“A hora agora é de resistência, eles acham que vão nos ganhar no cansaço, mas esse acampamento é uma semente da resistência”, disse Pimenta
atualizado
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Com a impossibilidade de visitarem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na prisão, parlamentares aliados se revezam para ir a Curitiba (PR) e evitar que a “vigília” em apoio ao petista se esvazie. Além disso, o PT organiza programações culturais para tentar manter as atividades diárias no acampamento montado próximo ao prédio da Superintendência da Polícia Federal na capital paranaense, onde o ex-presidente cumpre pena desde o último dia 7.
Nesta sexta-feira (20/4) o líder do PT na Câmara, deputado Paulo Pimenta (RS); o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) e o ex-ministro Aloísio Mercadante estiveram no local durante a manhã. Os discursos dos petistas insistem na manutenção da pré-candidatura de Lula à Presidência da República, mesmo preso, e defendem a liberdade do ex-presidente, condenado na Operação Lava Jato a 12 anos e 1 mês de reclusão, pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, no caso do triplex no Guarujá (SP).
“A hora agora é de resistência, eles acham que vão nos ganhar no cansaço, criam todo tipo de dificuldade, mas esse acampamento aqui é uma semente da resistência”, afirmou Pimenta, em discurso aos apoiadores. Nas redes sociais, o PT divulga vídeos insistindo que a vigília seja mantida enquanto Lula estiver preso.Nesta tarde, os deputados federais do Paraná Enio Verri e Zeca Dirceu visitariam o local onde estão os manifestantes. O grupo convocou ainda um ato com acendimento de velas e celulares para 18h30. Para este sábado (21), o PT anunciou a presença da filósofa Marcia Tiburi, recém-filiada ao partido no Rio de Janeiro, e uma “caravana feminista” em Curitiba.
Há um acampamento montado para que os manifestantes passem a noite, a cerca de 1km do prédio da PF. Todos os dias, os manifestantes vão à região perto do cordão de isolamento do prédio para gritar “bom dia” ao ex-presidente e promovem atividades diurnas. Além dos discursos políticos, há rodas de músicas e outras programações, que passam por partidas de futebol, como nesta tarde, e até aulas de ioga e meditação, ocorridas na quinta-feira (19).
Visitas
O ex-presidente, a princípio, só está autorizado a receber visitas constante de advogados e de familiares em dias determinados, assim como os outros detentos. Aliados alegam que Lula merece um tratamento diferenciado porque seria um “preso político”. A juíza da Vara de Execuções Penais Carolina Moura Lebbos tem negado a outras pessoas acesso à sala especial onde o petista está preso.
Na última terça-feira (11), senadores da Comissão de Direitos Humanos do Senado – todos aliados ao petista – visitaram Lula após terem informado à juíza que fariam uma “vistoria” no local. A magistrada autorizou a inspeção. Na Câmara, uma comissão externa da Casa anunciou outra vistoria na próxima terça-feira (24). Ainda não houve manifestação judicial sobre o ato. A Comissão de Direitos Humanos e Minorias também aprovou uma visita ampla ao ex-presidente, ainda sem data agendada.
Nessa quinta-feira (19), o ativista argentino Adolfo Pérez Esquivel, vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 1980, e o teólogo Leonardo Boff, amigo do ex-presidente, tentaram visitá-lo, mas foram barrados. O PT publicou fotos de Boff, que tem 79 anos, sentado em uma cadeira de plástico aguardando autorização em frente à guarita da Superintendência da PF em Curitiba.
A juíza Carolina Lebbos não permitiu a visita e disse que não há nenhuma notificação de violação a direitos humanos a justificar uma nova inspeção no local onde o petista cumpre pena.