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Além do MEC, pastor Arilton Moura foi 90 vezes à Câmara, diz jornal

Arilton Moura e Gilmar Santos são acusados de cobrar propina de até R$ 40 mil para destravar demandas dos municípios no MEC

atualizado

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Palácio do Planalto
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1 de 1 arilton moura gilmar santos bolsonaro - Foto: Palácio do Planalto

O pastor Arilton Moura – que se recusou a comparecer à Comissão de Educação do Senado Federal, na quinta-feira (7/4), para prestar esclarecimentos sobre suposto envolvimento no esquema de cobrança de propina para a distribuição de verbas a escolas públicas – esteve na Câmara dos Deputados 90 vezes.

Segundo o jornal O Globo, além de ter ido seguidas vezes à Casa Legislativa, o religioso também compareceu ao gabinete do deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do presidente. De acordo com o relatório obtido pela reportagem, Moura visitou pelo menos 10 gabinetes de diferentes parlamentares.

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“Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar”, afirma Ribeiro em conversa gravada. “A minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar”, declarou o ex-ministro
Ministério da Educação (MEC)
No meio do suposto esquema de propina estão os pastores Gilmar Santos, Arilton Moura e o agora ex-ministro da Educação Milton Ribeiro. De acordo com a denúncia, Santos e Moura, que não têm cargos públicos, controlavam a agenda de Ribeiro e atendiam às demandas de prefeituras que pagavam propina para conseguir a liberação de recursos
A manobra ocorria da seguinte forma: os pastores participavam de agendas da pasta acompanhados de dezenas de prefeitos e exigiam pagamentos entre R$ 15 e R$ 40 mil para liberar o repasse de verbas. Vários municípios cujos prefeitos participavam das reuniões, conseguiam as verbas semanas depois
No fim de março, dias após a mídia noticiar o suposto esquema, Gilberto Braga (PSDB), prefeito de Luís Domingues (MA), afirmou que Moura cobrou R$ 15 mil, mais um quilo de ouro, para dar andamento às demandas da prefeitura
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Recentemente, um áudio em que Milton Ribeiro afirma priorizar repasses da Educação a determinadas prefeituras a pedido do presidente Bolsonaro ganhou o noticiário. Apesar de, logo em seguida, negar a existência de irregularidades bem como o envolvimento de Bolsonaro, Ribeiro passou a ser objeto de pedidos de investigação

Reprodução/Instagram
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“Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar”, afirma Ribeiro em conversa gravada. “A minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar”, declarou o ex-ministro

Isac Nóbrega/PR
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Ministério da Educação (MEC)

Marcelo Camargo/Agência Brasil
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No meio do suposto esquema de propina estão os pastores Gilmar Santos, Arilton Moura e o agora ex-ministro da Educação Milton Ribeiro. De acordo com a denúncia, Santos e Moura, que não têm cargos públicos, controlavam a agenda de Ribeiro e atendiam às demandas de prefeituras que pagavam propina para conseguir a liberação de recursos

Rafaela Felicciano/Metrópoles
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A manobra ocorria da seguinte forma: os pastores participavam de agendas da pasta acompanhados de dezenas de prefeitos e exigiam pagamentos entre R$ 15 e R$ 40 mil para liberar o repasse de verbas. Vários municípios cujos prefeitos participavam das reuniões, conseguiam as verbas semanas depois

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No fim de março, dias após a mídia noticiar o suposto esquema, Gilberto Braga (PSDB), prefeito de Luís Domingues (MA), afirmou que Moura cobrou R$ 15 mil, mais um quilo de ouro, para dar andamento às demandas da prefeitura

Igo Estrela/Metrópoles
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Pouco tempo depois, outras denúncias começaram a surgir. Dessa vez, o prefeito de Bonfinópolis (GO), Kelton Pinheiro, revelou que Arilton Moura pediu R$ 15 mil, além de compras de Bíblias, para “ajudar na construção da igreja”

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O prefeito de Bonfinópolis, revelou ainda que os envolvidos chegaram a oferecer abatimento de 50% na propina para liberação de verbas para escolas. Segundo ele, os valores eram fixados de acordo com o grau de proximidade. Caso fossem “conhecidos” de alguns dos pastores, o valor da propina era apresentado “com desconto”

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Ministério da Educação

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Agora, a Comissão de Educação do Senado Federal ouviu prefeitos que testemunharam o suposto esquema de favorecimento e o presidente do colegiado, Marcelo Castro (MDB-PI), pediu cautela antes de defender que seja instalada uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)

Geraldo Magela/Agência Senado
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Segundo Castro, a comissão quer “cumprir algumas etapas” antes de proceder com a defesa de uma CPI para apurar os episódios envolvendo a pasta

Geraldo Magela/Agência Senado
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Entre elas, estão a realização de oitivas com o presidente do FNDE, Marcelo Lopes da Ponte, além do ministro interino da Educação, Victor Godoy Veiga, Milton Ribeiro, e dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, acusados de atuar como lobistas no ministério

Edilson Rodrigues/Agência Senado
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Segundo o jornal O Globo, os pastores perceberam as portas do Executivo abertas muito antes de Ribeiro assumir o MEC. Eles, na verdade, se envolveram com o governo Bolsonaro graças ao deputado João Campos (Republicanos), que é pastor da Assembleia de Deus. A partir disso, se aproximaram do atual presidente e conquistaram espaço

Reprodução

O deputado que mais recebeu o lobista foi João Campos (Republicanos-GO). O outro pastor envolvido no caso do Ministério da Educação (MEC), Gilmar Santos, também esteve com o parlamentar.

Sob o argumento de que tinham uma relação antiga, o deputado alegou que, nas vezes em que recebeu o pastor, Gilmar Santos pediu recursos de emenda parlamentar para uma fundação relacionada a uma igreja. Ambos os evangélicos investigados integram a Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil.

“Ele falou que tinha um projeto social lá, (perguntou) se eu poderia ofertar uma emenda para isso. Mas a entidade dele não preenchia os requisitos para receber os recursos. Então, acabei não fazendo, mas, se estivesse regularizada, eu faria”, disse Campos à reportagem do jornal O Globo.

Veja os encontros dos pastores e as justificativas dos parlamentares para os encontros:

  • Eduardo Bolsonaro (PL-SP) – não forneceu explicação sobre o motivo do encontro com Arilton. Dois dias depois, Arilton e Gilmar se encontraram com o presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto.
  • João Campos (Republicanos-GO) – disse que Gilmar pediu recursos de emenda parlamentar para fundação ligada a uma igreja.
  • Marcelo Brum (União-RS) – alegou que Arilton compareceu ao gabinete para pedir recursos para os projetos sociais da igreja, direcionados a idosos.
  • Elias Vaz (PSB-GO) – afirmou que Arilton foi à Câmara pedir a filiação do genro do pastor Gilmar Santos ao Partido Socialista Brasileiro, para disputar a vaga de deputado estadual por Goiás. A filiação não foi concretizada por diferenças ideológicas.
  • Vicentinho Júnior (PP-TO) – afirmou que Moura esteve em seu gabinete com uma comitiva da Embaixada de Israel para convidar o parlamentar para um evento de tecnologia do Ministério da Agricultura.
  • Helio Lopes (União Brasil-SP) – não forneceu explicação sobre o motivo do encontro com Arilton.
  • Guiga Peixoto (União Brasil-SP) – não forneceu explicação sobre o motivo do encontro com Arilton.

Entenda o caso

Além de áudios atribuídos ao ex-ministro Milton Ribeiro, em que ele afirmava dar “prioridade” na destinação do dinheiro público aos municípios comandados por “amigos do pastor Gilmar Santos”, prefeitos também confirmaram que os religiosos cobravam propinas entre R$ 15 mil e R$ 40 mil para viabilizar construções de creches, escolas e institutos educacionais.

Prefeito de Luís Domingues, no Maranhão, Gilberto Braga (PSDB) relatou que Arilton Moura teria pedido 1 kg de ouro, durante uma conversa no restaurante Tia Zélia, em Brasília, após almoço informal com a presença do ministro.

A denúncia resultou na saída de Ribeiro do comando da pasta, hoje chefiada pelo interino Victor Godoy Veiga. Também foi aberta uma investigação pela Polícia Federal. Articula-se ainda a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) destinada a apurar denúncias sobre o caso.

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